„Eu queria era dormir, dormi, dormir,Longo dormir, meio sentindo em sono,E dormir sempre, sem consciência terDo tempo, só do sono sonolentoE da vacuidade do meu ser;Dormir sem vir a morte, nem sonharMas dormir só dormir, sempre dormir.Que hoje já de dormir desaprendi.Cansado de pensar, a pensar fico,E as noites longas, longas, longas, longas,E o pálido raiar de inda doutro dia…Inda outro dia que trará aindaUma outra noite e essa mais dias, mais…Insone sentir isto, e o deslizarSuave e horroroso do tempo.Cai então sobre mim todo o horror claroE nítido e visível do mistério,E eu tal fico em abalo e em comoçãoQue durmo — sim que durmo de pesar-meTudo de mais p’ra mais poder sentir.Então durmo… e antes eu não dormissePorque desordenadas incoerênciasMas não visões, só abstracções terríveis(…)“

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