„Ninguém poderia sobreviver à compreensão instantânea da dor universal, pois cada coração só foi moldado para uma certa quantidade de sofrimentos. Existem como que limites materiais para nossa resistência; entretanto, a expansão de cada desgosto os alcança e, às vezes, os ultrapassa: é frequentemente a origem de nossa ruína. Daí deriva a impressão de que cada dor, cada desgosto, são infinitos. Eles o são, na verdade, mas somente para nós, para os limites de nosso coração; e mesmo que este tivesse as dimensões do vasto espaço, nossos males seriam ainda mais vastos, pois toda dor substitui o mundo e de cada desgosto faz outro universo. A razão esforça-se inutilmente para mostrar-nos as proporções infinitesimais de nossos acidentes; fracassa ante nossa tendência para a proliferação cosmogônica. Daí decorre que a verdadeira loucura nunca é devida aos acasos ou aos desastres do cérebro, mas à concepção falsa do espaço que o coração se forja…“

Tags: