„Contudo, a sociedade exige algo mais ainda. Não basta viver; importa viver bem. Agora o que ela tem a temer é que cada um de nós, satisfeito em atentar para o que respeita ao essencial da vida, se deixe ir quanto ao mais pelo automatismo fácil dos hábitos adquiridos. O que também deve recear é que os membros de que ela se compõe, em vez de terem por alvo um equilíbrio cada vez mais delicado de vontades a inserir-se cada vez com maior exatidão umas nas outras, se contentem com o respeitar as condições fundamentais desse equilíbrio: um acordo prévio entre as pessoas não lhe basta, mas a sociedade há de querer um esforço constante de adaptação recíproca. Toda rigidez do caráter, do espírito e mesmo do corpo, será, pois, suspeita à sociedade, por constituir indício possível de uma atividade que adormece, e também de uma atividade que se isola, tendendo a se afastar do centro comum em torno do qual a sociedade gravita; em suma, indício de uma excentricidade.“

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