„Talvez o senhor escreva para a posteridade. Mas queira ou não queira, para alguém escreve.Mas é uma cilada: se consinto, o Autodidacta triunfa e sou imediatamente contornado, reivindicado, ultrapassado, porque o humanismo toma à sua conta e funda na mesma massa todas as atitudes humanas. Que agradável que é às vezes poder conversar assim, ao abandono.Deitei um olhar à minha volta: móveis leves e soltos, e eu próprio. Era o que existia. O passado não existia. Nem as coisas, nem sequer no meu pensamento. Havia muito tempo que eu tinha compreendido que o meu me tinha escapado. Mas julgava, até então, que se tinha retirado do meu alcance. Para mim o passado era apenas entrada na reforma: era outra maneira de existir, um estado de férias e de inacção, cada acontecimento quando findara o seu papel se arrumava atinadamente, por si próprio, numa caixa e se tornava acontecimento honorário: tal é a dificuldade que se tem em imaginar o nada. Agora compreendia: a coisas são inteiramente o que parecem, e por trás delas… não há nada. Quando uma pessoa quer compreender uma coisa coloca-se diante dela, sem auxílio. De nada serviria todo o passado do mundo.Acho que não temos de ir buscar tão longe o sentido da vida“

Tags: