„(…) no fundo, não se saber o que se deve querer é normal: Nunca se pode saber o eu se deve querer porque só se tem uma vida que não pode ser comparada com vida anteriores nem retificada em vidas posteriores. É melhor ficar com Tereza ou ficar sozinho? Não há forma nenhuma de se verificar qual das decisões é melhor porque não há comparação possível. Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É o que faz com que a vida pareça sempre um esquisso. Mas nem mesmo “esquisso” é a palavra certa, porque um esquisso é sempre o esboço de alguma coisa, a preparação de um quadro, enquanto o esquisso que a nossa vida é, não é esquisso de nada, é um esboço sem quadro.“

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