„Poema – Caos e Surto Eu nunca fui amado Tal como eram os outros Nunca vi olhos brilharem ao me verem sorrirOu lábios tremerem ao citarem o meu nomeNunca tive um abraço em momentos de desesperoTampouco acreditei que algum dia o teriaVivi uma vida de miséria e angustiasAlimentando o Diabo que vive em meu peitoCom dores e lamentações que não desejaríamos ao DeusesDo amor vivi somente os PecadosE as Orgias Os gemidos e arranhões Bucetas espalhando o seu gozo Nos céus da minha bocaPanEra o meu segundo nome;Na solidão criei vínculos com a minha própria sombraMe envolvi em paixões Que nenhum Poeta jamais viveu E em nenhuma destas paixões Compreendi o verdadeiro significado da palavra amorComo se Afrodite pudesse amar todos os homensE os cupidos todas as mulheres Mas nenhuma alma fosse capaz de amá-los Intenso como um ArcanjoCuja as asas foram arrancadas com as unhasDe um anjo que o impediu de amar Do amor Conheci somente as suas feridas E os seus lábios doces em beijos poéticosQue rimavam com a sinfonia dos seus gemidos Seus pés delicados na minha bocaOs arranhões pelas suas coxas grossas Que fundiam-se com o vermelho dos seus quadrisNa submissão das nossas orgiasMe apaixonei por Afrodite Mas com Lilith passei as minhas noitesAmei Como nenhum outro Poeta jamais amouAmei até que a minha sanidade fosse Suprimida pela minha vontadeAmei até que o meu coração Queimasse com as chamas de um ódioQue eu mesmo alimentei Amei…Até o último Adeus As últimas lágrimasAmei sozinho!Recluso em um ninho de ratosNa reclusão das minhas ilusões Sou como a maçã podre em campos líricos Abandonado entre os vermes e as cinzas Caos e surtoComo uma alegoria para a morteQue se estende até os rincões do universoE morre nos versos de um Poema Sou a maldição das estrelas Ofuscada pela escuridão dos meus olhos…“
„O Filósofo & O Prisioneiro – Uma Alegoria para sabedoria da vidaCondenado a pena de morte o Filósofo sentava-se solitário em sua cela, enquanto observava o céu estrelado pela pequena janela que ali havia.Faltando apenas algumas horas para sua execução, um outro prisioneiro é arremessado em sua cela– Faltam-te apenas duas horas! E a morte irá beijá-lo! Gritou o guarda enquanto os enjaulava sem piedadeApós levantar-se e limpar suas roupas sujas. O prisioneiro encara aquele velho homem de barbas longas que encontrava-se ali parado, observando atentamente o céu noturno– O Guarda disse que você só tem duas horas de vida… Como se sente?Questionou o prisioneiro de forma tímida e preocupada, tentando puxar assunto. Enquanto isso o filósofo seguia em silencio observando o céu estrelado.O Prisioneiro por sua vez, caminhava de um lado para o outro incansavelmente preocupado– Para mim, imagino que faltam três ou quatro horas… Droga! Eu mal consegui realizar os meus sonhos… O que você pretende fazer nas suas duas últimas horas?Persistia o prisioneiro em uma tentativa falha de diálogo, enquanto caminhava de um lado para o outro, preocupado e com o medo da morte começa a remover sua camiseta e amarra-la na parte mais alta da cela– Quer saber? Pode ficar ai, fingindo que está tudo bem. Eu vou me matar, eu prefiro isso do que ser condenado a cadeira elétrica!O Filósofo, ao escutar tais palavras sórdidas volta sua atenção a aquela pobre alma.– Antes de prosseguir com esse ato, poderia por favor vir aqui ver algo?Disse o filósofo em tonalidade calma e serenaO Prisioneiro indaga – Ver o que? Não há nada que possa nos salvar agora– Eu insisto, tenho algo a mostrar-te…O Prisioneiro então caminha até a janela– Está vendo aquela estrela? A Mais brilhante dentre elas Disse o Filósofo apontando com os dedos para o céu estrelado– Sim, estou sim, aquela com uma tonalidade meio azulada não é? – Ela mesmo…O Filósofo encosta-se na parede, e com a voz calma ele diz– Observe a atentamente, imagine que naquela estrela existe também um planetaUm planeta tal como o nosso, com heróis e vilões, deuses e homens, sábios e tolos, o quão fascinante não seria? O Quão fascinante não seria estar observando-os agora neste momento oportuno, a algumas horas antes da nossa morte…O Prisioneiro encantado com tais palavras, observava atentamente aquela estrela, e toda aquela euforia e preocupação que havia em sua mente aos poucos se esvaiO Filósofo então, coloca as mãos nos ombros daquela pobre alma e diz– Essa estrela, já pode ter se apagado a muito tempo embora ainda estejamos contemplando a sua luz (…) Toda a vida que um dia viveu sobre o calor daquela estrela, hoje se encontra no mais sublime silencio da doce morte que os encontraTal como a nossa estrela, que é um ponto luminoso no céu noturno de alguémQuando morrermos, a luz da nossa estrela servirá como um suspiro de esperança para homens que como nós aguardam o sublime beijo da dona morte.O Prisioneiro com os olhos cheios de lágrimas e o coração calmo, sorri, e mesmo diante da inevitável morte encontrava-se tranquilo– Então não temes a morte? Perguntou o PrisioneiroO Filósofo caminha até a janela, e olhando para o céu noturno com a contemplação filosófica de que a sua morte de nada importava para o universoSorrindo ele responde– A realização de que vou virar pó, paradoxalmente me tranquiliza…“
„Alegoria do SuicídioEu sei que hoje será o meu último dia na terra, eu decidi isso enquanto caminhava solitário pelas penumbras da noite. Procurei por cada canto daquela vazia avenida, e não encontrei nenhum motivo para existir.Todos os motivos que eu supostamente haveria de encontrar eram mentiras contadas por mim mesmo afim de prolongar o castigo de viver.Voltei para casa, peguei aquela velha corda que ficava guardada na segunda gaveta, amarrei-a sobre o teto, e me dependurei sobre a miséria.Ali estava eu, debatendo-me enquanto sentia o nó daquela velha corda quebrando cada centímetro do meu pescoço, enquanto a minha alma escapava do meu corpo.Eu me debatia, e meus olhos lacrimejavam-se, talvez, fossem lágrimas de arrependimento. Mas agora já era tarde demais…Eu morri e minha alma caiu de joelhos diante da figura de um homem, aquele era eu, uma versão mais madura de mim que já havia passado por todos esses momentos de dor e agonia.Acreditei por alguns segundos, estar diante da morte, pois o meu corpo ainda estava ali dependurado sobre a sala de estar.Caminhei lado a lado com aquele homem misterioso, que com os dedos apontou para as estrelas e com uma voz suave ele me disse:- Se algum dia o desejo da morte gritar em seu rosto, não aperte o gatilho! Pense nas estrelas, elas morrem não porque elas querem, e sim porque chegou a hora.Viver sozinho é como mergulhar no infinito e voar até o céus tocando as nuvens e as estrelasEstar sozinho é como voltar no tempo e sentir-se novamente uma criança ou um deus a vagar pelo cosmosAndar sozinho é como viajar até o paraíso acompanhado por anjos ou dançar no inferno acompanhado por diabosViver sozinho… é também sentir a navalha cortar seus pulsos enquanto seu sangue jorra em alto mar é sufocar-se nas próprias lágrimas até que o seu pulmão se encha de sangue e a luz dos seus olhos se apagueSobreviver sozinho é renascer do castigo de existir é limpar o sangue com as próprias mãos é caminhar mesmo quando já não existe mais chão é matar quando não te oferecem perdão é amar a si mesmo por compaixãoÉ viver sendo o único deus na escuridão…“
„O Duplo – Uma Alegoria NiilistaSentado em seu quarto com a corda nas mãos, o filósofo exausto enfrentava seu lado obscuro.Não suporto mais as dores que me afligem, aonde se escondem as motivações? Estariam elas enterradas junto ao tumulo de deus?Disse o filósofo em um tom sereno, sozinho, naquele quarto abandonado, andando de um lado para o outro― Então desista! O Que te impede de colocar a corda sobre o pescoço e se deleitar com a morte?Diziam as vozes em sua menteCale-se!! Deve existir algum motivo, alguma razão, alguma circunstância para se viver. Algo tão solido, que as dores que afligem meu coração não me torne um escravo da melancoliaGritou o filósofo arremessando a corda para longe― Mas você não encontrou certo? Estas inexplicáveis dores te assombram desde a infância, e a muito tempo vem mentindo para si mesmo que isso ou aquilo é o que te mantem vivo. E agora? O que restou? Todos que você um dia amou não passam de cadáveres!Disse a voz em um tom fino e calmoMas (…) eu ainda tenho os meus livros. O Que me diz sobre eles? Meus trabalhos serão lembrados para sempre! Um filósofo não é útil vivo…Dizia o Filósofo enquanto pegava uma de suas obras nas mãos, sentindo orgulho de si mesmo.A voz doce, fala calmamente em seu ouvido― O Que é a filosofia? Se não aforismos da mente de um grupo de primatas na fração de um ponto. Não seja egoísta, nós dois sabemos que um dia toda a realização da humanidade irá desaparecer no tempoCom esse pensamento aonde iremos? Se todos pensarmos assim, todo o conhecimento da humanidade irá parar no tempo, o que sugere? Pensas que tem a resposta para tudo? Acha que morrer é a solução?Disse o filósofo encarando o espelho― Eu? Eu não posso sugerir nada, não se esqueça que está sozinho, sempre esteve, e assim morrerá! Chegou ao ponto de delirar e discutir consigo mesmo! Ainda acha que um homem louco gritando sozinho em um quarto vazio merece viver? Se tudo que tem de valor em sua vida patética são livros, eu é que te pergunto…O Que sugere?Não há nenhuma sugestão, nenhuma forma de resolver isso, a não ser no leito de morte.― Então continue, vá em frente, coloque as cordas sobre seu pescoço e desista!O Filósofo caminha até o canto do quarto, pega a corda, e a coloca sobre o seu pescoço― Você nunca foi nada, nunca poderá ser nada, e este é o seu destino, morrer como um nada!Cale-se…Disse o filósofo em voz baixa, enquanto ajeitava a corda em seu pescoço. Ele então caminha até o espelho e o encara por alguns minutos…― Há um intrínseco Niilismo em nossas vidas…Disse a voz em sua mente, de maneira tão suave que a própria escuridão o abraçouEssa não é a nossa primeira discussão, e não será a última…Disse o filósofo ainda encarando o espelho com a corda no pescoço― Então a dor passou não é? Flertar com a morte sempre cura as mais profundas feridas.Passou (…) agora sinto a melancolia preenchendo todo o meu ser― Talvez, o grande significado por trás da vida humana, seja simplesmente alimentar os vermes em nosso leito de morte.Parte em ser Niilista, é compreender nosso lugar no cosmos. Nós não significamos nada, e a vida é repleta de dor e sofrimento.O Niilismo, te entrega a chave do conhecimento para compreender esses fatos e seguir em frente, flertamos com o suicídio, mas não nos suicidamos, pois compreendemos a realidade ao nosso redor.“
„Poema – Tessalonicenses 4:16-18Queimem as igrejasrasguem todas as suas bíbliasCristo voltou!e somente os pecadores irãobanhar-se em seu sangue sagradoPadres e Pastoresserão queimadosnas fogueiras da razãoPois o filho de Deusquer vingançasobre as mentiras proclamadasem seu nome;Deitem-se com as Ninfasprofanem-se em imagens religiosasamem os Demônios!Estas dores que afligem o seu peito?esse vazio que não sabes explicar?Enforquem-se em luxuriavendam suas almas ao diaboE deixem que os pecados bíblicossalvem a sua vidaAfastem de mim a sua Filosofia!joguem fora estas Poesias de Amor!Estes são os tempos dos loucose pecadoresSe quiseres a salvaçãodeverás amar a vidae odiá-la a cada segundoPois dada a ordemcom a voz dos arcanjose o ressoar da trombeta de DeusO próprio Senhor descerá dos céuscom a espada que prometestee a ira que guardas em seu peitopois este não veio trazer a Paz!- O que faremos nós com essa angustiaque rasgam o meu peito?- E essa solidão que me mataaos poucos?Gritam as almas tristes emplena agoniade uma vida que não escolheram viver- Matem-se eu vos digo!Morram a cada segundoque as suas dores o fizerem sofrerEnforquem-se na frentede todos aquelesque disseram que as suas doreseram uma mera frescura ou falta de atençãoRasguem suas gargantas com punhais sagradosE matem! Sim matem!Afogado em seu próprio sanguetodos aqueles que disseram que o seu sofrimentoera falta do amor dos deusesPois estes não amamnem mesmo a sepultura!Estão perdidos em tantas metáforas?estas alegorias foram escritas em solo sagrado!E somente os assassinos de Deusaqueles que banharam-se no pecado da humanidadesão capazes de compreende-laVomitem toda a angustiaque há em seu peitoÉ necessário a crucificaçãopara compreender os monstros que vivempresos em sua menteNós os pecadoresnós somos os deuses!Pois nos crucificamtodos os diase zombam das nossas doresSim eu os compreendo!posso ouvir os seus gritos!Não envergonhem-se em sentirdeixem que o sofrimento das suas almas vaziase os pecados da carneOs salvem do suicídio!“
„Homem e o Conhecimento – Uma Alegoria dialética.Certa vez, um filósofo em busca de conhecimento e sabedoria foi ao encontro de um velho Monge, conhecido por seus grandes feitos na literatura e no conhecimento mundial.Esse monge, conhecido como ‘’ Thoth o Sábio’’ Vivia no alto de um monte em uma biblioteca pessoal de livros escritos por ele mesmo.Ao subir o grande monte com muito esforço e dedicação e adentrar os portões de ouro da sagrada biblioteca, o Filósofo se surpreende com aquele velho monge. Que se encontrava sentado em meio aos livros em posição de Lótus expressando tamanha sabedoria.Com cautela, o Filósofo calmamente indaga uma forte questão ao sábio monge. Questão da qual, nunca a ele foi dirigida antes― Como podes um homem tão sábio, possuir tamanha certeza de sua vasta sabedoria? Poderias tu, me guiar a sabedoria do mundo?O Monge, abre calmamente seus olhos que antes estavam fechados e meditando calmamente. Ainda sentado na posição de Lótus, respondeu friamente― Quem eres essa tola alma que ousas dirigir-me a palavra?O Filósofo, ao ser chamado de tolo sorriu de maneira irônica com o canto de sua boca.― Sou apenas um jovem poeta, um velho filósofo, muitas histórias eu escutei sobre ti. Homens que o seguem como um deus, mulheres que o idolatram como um símbolo, crianças que leem seus livros e tornam-se jovens revolucionários. Pensei, se tamanha mente existe, o que seria de mim então? Um tolo. Tu és de fato, o mais sábio dos homens por isso escalei o mais alto dos montes, com o único objetivo de conhecer o mais sábio dos homens.O Sábio monge, orgulhoso de sua vasta sabedoria sendo elogiada por um jovem Filósofo. Se levanta, e caminha a um de seus muitos livros naquela vasta biblioteca. Pega um deles, intitulado ‘’ A Sabedoria do mundo’’ e então, abre em uma página com uma precisa marcação começando então a leitura de sua citação― E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios. Tudo isto provei-o pela sabedoria; eu disse: Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim. E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria. Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimentoApós escutar tal citação, o Filósofo reconhece que tal pensamento, não poderia ter advindo de tal homem, ele então indagou― Essa citação do seu livro, não eres da Bíblia sagrada? Tenho certeza que eu poderia encontra-la em Jó 12:13.O Monge, cai em gargalhadas. Colocando seu livro sobre uma velha mesa, perguntou ao Filósofo.― E não são os homens diabos copiadores? Todo conhecimento adquirido pelo homem, adveio de outro homem mais sábio.O Filósofo furioso, começa a caminhar por toda a biblioteca pegando todos os livros e abrindo-os de um a um.― Friedrich Nietzsche, Zaratustra, William Godwin, Schopenhauer, mas isso é um absurdo! Como pode se dizer o grande sábio? Se nenhum destes livros foi escrito por você, são apenas ideias de outros homens! Você é uma grande fraude!!Gritava o filósofo enquanto verificava e arremessava cada livro nas estantes.O Monge, ainda mantendo sua plena calma, indaga ao Filósofo uma simples questão.― Poderia me dizer, o que achas sobre Deus?O Filósofo, escutando tal pergunta simples e tola responde rapidamente sem pestanejar― Uma fantasia criada por homens, um mero mito, uma ideia, deus a muito tempo morreu e somos hoje homens da ciência!O Monge caindo em gargalhadas responde― Ainda não percebeu não é? Tudo o que disse, veio de outras mentes eu poderia categorizar sua resposta com o nome e o livro de cada pensador.O Filósofo, escutando tal resposta começa a refletir, refletindo ele responde calmamente― Não… essa resposta veio da minha mente, eu apenas a aprendi ao longo dos anos. No entanto, não me intitulo o grande sábio.― Então poderia me dar uma resposta a respeito da existência de Deus, sem mencionar ou pensar sobre alguma literatura que leu ou aprendeu durante seus longos anos de vida? Perguntou o Monge.O Filósofo caminha de um lado para o outro, seus neurônios queimando como um vulcão― Mas é impossível! Desde os pré-socráticos a mente do homem… vem aprendendo e evoluindo como um coletivo, esse desafio que me propôs é humanamente impossível.Respondeu o Filósofo com uma tonalidade séria em sua voz.O Monge calmamente pega um caderno velho, com anotações por todas suas folhas e entrega nas mãos do Filósofo.― Esta vendo cada anotação? Cada ideia? Todas as ideias que eu tive, toda a reflexão, em algum momento ela nasceu de algum outro homem. Até mesmo Nietzsche se inspirou em Stirner, todos os homens compartilham de uma filosofia coletiva, de uma ciência mental. Não se pode ser sábio, se negar o conhecimento preestabelecido pela humanidade.O Filósofo confuso, vendo tais anotações enquanto sua mente conectava cada referência literária, coloca o caderno sobre a mesa e pergunta― Como um monge, intitulado o sábio, nada mais é do que qualquer outro Filósofo, escritor ou homem que pisou nesse planeta? Me diga, o que diferencia você dos outros homens?O Monge, caminha até o Filósofo enquanto desvia das pilhas de livros, coloca a mão em seu ombro e pede que o siga. Ambos sobem uma escada, que leva ao segundo andar daquela biblioteca. Aonde um grande telescópio apontando para o céu os aguardava― Por favor, veja com seus próprios olhosO Filósofo, se aproxima do telescópio e ao observar a imensidão do cosmos é chocado por uma realidade assustadora. Diante de seus olhos, foram apresentadas incontáveis galáxias, planetas e mundos distantes.O Filósofo é claro, já havia lido em livros de astronomia sobre a imensidão do cosmos, mas nunca de fato o viu com seus próprios olhos.O Filósofo então, ao tornar-se o sábio monge realizou em sua primitiva mente de macaco, que mesmo lendo todos os livros já escritos. O conhecimento realizado pelo homem, de nada importa para o universo.Pois tudo que conhecemos, ou iremos conhecer não passa de um leve suspiro de uma criança que acabou de nascer mas morreu logo depois do parto.A vida, a existência tudo o que conquistamos, ou iremos conquistar. É apenas um grito ecoante de desespero para nos convencer que somos importantes, mas no fundo todos nós sabemos que somos inúteis.O Velho filósofo, tornou-se o sábio monge.Sábio, por reconhecer o seu lugar no nada, como um nada. Pois mesmo com todo o conhecimento do mundo, o nosso mundo é apenas um pontinho luminoso no céu…“
„Imaginem que um Filósofo ao visitar uma velha Biblioteca se depara com um velho Sábio- Estais perdido? Perguntou o Sábio- Se estou perdido, como poderias tu orientar-me a razão? Disse o filósofo em tom questionadorO Sábio abaixa sua cabeça, caminha de um lado para o outro e indaga – Estais perdido!?Filósofo: E não estamos todos?O Completo e absoluto silencio gritava mais alto do que suas bocas caladas, embora suas mentes gritassem mais alto do que o mais feroz diabo.Sábio: Não posso estar perdido, se eu sei exatamente aonde o verdadeiro eu estas, e deverias estar.Filósofo: E Como poderias tu saber aonde deverias estar e aonde estas?Sábio: Mas isso é muito simples, se estou em algum lugar, sigo a minha vontade. Está de acordo?Filósofo: E Como saberias que segues a tua própria vontade? Se não foi influenciado pelo homem que vive em ti, o homem que crê em ti e nos deuses! Como poderias tu, saber aonde deverias ir?O Sábio caminha a uma das muitas prateleiras e pega um livro, senta-se na frente do filósofo e diz de maneira serenaSábio: Se leres este livro, e após a leitura tornar-se outro homem, como diferenciarias quem tu és, para quem tornou-se?Filósofo: O Homem que leu este livro, para ti és um homem diferente antes deste mesmo livro? Digo, se hoje acredito no poder dos deuses, e amanhã perco completamente a fé por ler um livro ou dois, teria eu tornado me um homem sem fé, ou um homem diferente do que sempre fui?Sábio: Tornarias outro homemFilósofo: Mas isso é uma loucura, se torna-se outro homem a cada nova experiência, então tu, quem és afinal?Sábio: Isso é muito simples…O Sábio se levanta novamente e pega uma bíblia sagrada na escrivaninha a direitaSábio: Se ao ler estas fábulas, e acreditares com toda as forças que és cristo, isso torna-te cristo?Filósofo: Esse ato tornaria me um estudioso, um homem em busca de respostasSábio: Mas se as respostas levarem este homem a mais perguntas como poderias responde-las?Filósofo: Não há respostas afinal.Sábio: Quando tinhas dez anos de idade, pensavas o que?Filósofo: Eu era uma criança comum, católico, vivia na cidade pequena, mas o que a minha infância tem a ver com tudo isso?Sábio: Aquela criança ainda vive?Filósofo: Eu a matei, ela tornou-se o homem que souSábio: E ao matar o passado, tornou-se quem tu és!Filósofo: Mas esse argumento não sustenta a sua teoria, que ao lermos novos livros tornamo-nos outro homemSábio: Ao ler as palavras de cristo, tens dois homens prontos a nascer. Se ao leres a bíblia, e acreditar com toda a sua fé que és cristo, e que cristo vives em ti, o que tornarias?Filósofo: Um toloSábio: E o que este tolo faria após tornar-se um tolo?Filósofo: Viverias como um toloSábio: Ao leres as palavras de cristo e duvidares de sua existência, o que tornarias?Filósofo: Um sábio…Sábio: Então tornarias tu, outro homemO Filósofo pensativo caminha até uma seção na velha biblioteca, e pega uma série de livros matemáticos, senta-se em uma velha mesa acompanhada de uma pequena cadeira. Abre um dos velhos livros, aponta seu dedo sobre uma teoria matemática cientificaFilósofo: O Que compreendes ao ler esta teoria?Sábio: A Gravidade em sua mais bela e poética sinfonia matemáticaFilósofo: E Quem a escreveu? Poderias me dizer?Sábio: Isaac NewtonFilósofo: Consideravas Newton um sábio?Sábio: Mas é claro, um homem de muitas virtudesFilósofo: Mas este acreditava nos deusesSábio: E o que queres dizer com estas alegações?O Filósofo se levanta novamente e vai a uma pilha de livros ao lado, pegando então Assim falou Zaratustra de Friedrich NietzscheFilósofo: Conheces Nietzsche?Sábio: Mas é claro, estais a insultar-me?Filósofo: Se ao leres Newton e Nietzsche, o que tornarias?Sábio: Um novo homem…Filósofo: Este novo homem, serias quem? Nietzsche? Ou Newton? Como este homem diferenciaria os deuses da matemática? Friedrich de Newton?O Que eu quero dizer, como poderias tu, tornar-se outro homem ao leres dois autores distintos, se não o mesmo homem que agregou a si mesmo novas categorias do conhecimento.Sábio: Então alegas descaradamente, que sou o mesmo homem todos os dias da minha vida?Filósofo: E Como não poderias ser? Se ao leres mil livros, mudas-te de opinião mil vezes, és um metamorfo. Se ao escreveres mil livros, es um deus sobre os homens. Mas, se ao leres mil livros e aprenderes com estes próprios és o mesmo homem, com um intelecto refinado ao homem que eras anteriormente.Sábio: Queres dizer que o conhecimento é como um diabo possessor?Filósofo: Um diabo possessor?Sábio: Um diabo que tomas o corpo de um homem, mas não toma sua verdadeira essência.Filósofo: Estou de acordo, então voltamos a mesma questão ao nos conhecermos, como sabes que estais a seguir a sua própria vontade e não a de outros homens ou deusesSábio: Deixe-me responder essa questão, com uma alegoria que irá também sustentar meu outro ponto de vistaImagines que és um crente, que acreditas no poder do divino. Vives então em templos sagrados, seu mundo é o louvor, então descobres por um telescópio apontado aos céus que lá não há deuses, e sim homenzinhos verdes em outros mundos, descobririas então que neste novo mundo há também novos deuses como saberias tu que o deus que pregas e rezas és o verdadeiro?Filósofo: Não saberias, questionaria também os outros deusesSábio: E Se ao descobrires que além destes homenzinhos verdes, também existem tantos outros, e que o cosmos é repleto de deuses e vida. O Que tornarias a sua crença em um deus de carne?Filósofo: Se tornaria insensata, ausente de razão, mas ainda questionadora pela vontade de questionar e aprender sobre esses novos deuses.Sábio: Então responda-me, ao descobrir novos mundos tornou-se um homem diferente daquele pobre religioso de pés sujos em templos falsos?Filósofo: Deixaria de ser um crente, e tornaria me um questionador. Mas ainda seria o mesmo homemSábio: Se és o mesmo homem, por que não crê nos mesmos deuses? Tornou-se um novo homem ao conhecer outros mundos, pois o homem que fois um dia, suicidou-se diante das cordas sinceras da realidadeFilósofo: Se o que diz é verdade, e somos de fato, diabos possessores, possuídos pelo conhecimento que mata o homem mas não mata sua essência, como sabes que não estás perdido? Como diferencias a decisão do homem com a decisão do diabo?Se a cada nova experiência somos possuídos por um diabo diferente, se a cada livro torno-me um novo homem, se a cada mundo matamos um novo deus, quem eres tu afinal?Sábio: Mas isso é muito simples, imagine comigo a seguinte alegoriaSomos todos homens vagueando em um vale sem fim, pense que cada livro desta biblioteca és um diabo, ao seres possuído pelo diabo, torna-se o diabo, embora sua essência humana ainda prevaleçaFilósofo: Então acreditas que podes matar a si mesmo, e tornar-se o homem que eras, mas renovado em sabedoria?Sábio: Novamente estamos de acordo, poderias por favor dizer-me o que fazes em uma velha biblioteca como essa?Filósofo: Vim em busca de conhecimento, e autoconhecimento, mas acabei perdendo-me em tamanha sabedoria e tormentoSábio: E ao encontrar-me continua com este tormento?Filósofo: NãoSábio: E Por que não?Filósofo: Porque sei quem tu és, e vós não o conheceis, mas eu o conheço, e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós. Mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.Sábio: E quem sou eu?Filósofo: Tu és o meu Deus, e eu te darei graças; tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.Sábio: Se eu sou o seu Deus, o único e verdadeiro Deus, sou tu enquanto falas sozinho para as paredes, divagando sobre quem tu és e o que tornou-se!Tornas-te Deus, ao questionar a si, mas continuaste o homem que és, e que fois ao lembrar-se de si, e o que és.“
„Poema – 1 Reis 19:3-4Sinfonias tristesvagam pelo universocomo as lágrimas nos olhosdaqueles que sofrem em silencioAcolhida pelas trevase renegada pelos deusesLilith havia sido amaldiçoadacom um abismo em seu coraçãoA sua vidaera como uma alegoria ao suicídioEnforcava-se na escuridãotodas as vezesque não conseguia encontrara luz das estrelasSentindo-sesozinha em um mundodo qual não escolheu viverTrancafiada nos cárceres privadosda sua própria menteera assombrada pelos mais terríveis demôniosAs paredes do seu quartojorravam o sanguedas suas tentativas de suicídioEmbora as suas lágrimasclamassem pela salvaçãodaquele terrível abismoA sua essênciabanhava-se na escuridãoEm seus olhos habitavamo desejo de dilacerar os seus punhosenquanto afogava-se em uma banheirarepleta de sangue e lágrimasMas em seu coraçãohaviam as chamas negras de uma fênixque renascia a cada segundoEntão ela se enforcavaem seus sonhos sublimesDeitava-se na camacom os olhos fechadosimaginando-se dependuradaenquanto matava as suas doresE ao abrir os olhosrepletos de lágrimashavia renascido mais uma vezAs feridas em seu peitoespalhavam-se como um câncerGritos ensurdecedores emanavamdas janelas daquele quarto hostil– Já tive o bastante, Senhor!matem-me sem nenhum perdão!pois não estão matando uma alma inocenteapenas crucificando as suas doresMas quem poderia escutá-la?quem poderia salvá-la?Não se pode salvar uma almaque sorri para o abismoe se banha em seu próprio sangueGritando aos deusesela sorriu pela ultima vezenquanto as suas angustiastornavam-se sinfonias tristesA vagar pelo universocomo as lágrimas nos olhosdaqueles que sofrem em silencio…- Gerson De Rodrigues“