„Poema – 2 Coríntios 11:14Viajei entre galáxias vivase cheias de vidaque de nada aprendiMas conheci buracos negroscheios de mortee sai de lá um sábioEu sou o filho do nadae o herdeiro de todas as coisasTenho mais anos de vidado que estrelas no universotenho muitos nomese alguns confesso que já foram reaisConheci certa vezuma criatura estranha que veio até mimem busca de respostasCujas perguntasestavam ali nela explicitasDurante todos esses anos de vidaviajando por aieu finalmente aprendiQue as respostapara todas as minhas perguntasestavam na noite em que eu me matei;Eu havia acordadoem uma destas noites frias e solitáriassentindo o meu sangue fervercomo um veneno que me matava aos poucosCom olheiras nos olhose o cansaço do mundo nas minhas costasSentado nas beiradas sujasde uma camarepleta de angustias e sonhos perdidosSentia-me excluídode todas as coisasQuantas vezesvocê já não choroucom as cordas em seu pescoço?Sentindo as suas mãos tremulasenquanto decidiase colocava ou não um fim em sua vidaSinto-me assim todos os dias…Forçado a buscarrefugio na solidãoAo caminhar por ruas lotadassinto-me a mais terrível das criaturasA ansiedade me atormentae eu não consigo olhar em ninguém nos olhosTodas as vezesque eu tentei amar alguémlágrimas escorreram pelos seus rostosO que é mais cruel?O Suicídio prematurode uma alma infelizOu os martíriosde um monstro solitáriocuja as dores o matam aos poucosSentado nas janelasdo décimo terceiro andardo meu prédioEu me lancei em meio ao abismoUm anjo de luzme segurou em seus braçosE em minha menteele profetizou- Antes de queimar em suas chamasSubiras aos céus;ergueras o seu trono acima das estrelas dos DeusesE se sentará em meio aos arcanjoso ponto mais elevado do montese elevará mais alto do que as nuvens;Serás a estrela da manhão filho das alvoradasE a luz no final do Abismo!Para se livrar das trevasque vive em seu peitoDeves matar o homem que és hoje!- Gerson De Rodrigues“
„CristoO Filósofo Gabriel se apaixonou por uma linda moça chamada Maria. Maria morreu no parto, mas em suas últimas palavras disse-lhe que teriam uma filha que iria trazer aos homens a chave para o conhecimento.Sua Filha, Jesus, nasceu em uma biblioteca, aonde foi visitada pelos mais renomados Filósofos da época. Sua filha foi educada no mais alto escalão literário e após seus 12 anos, a vemos como uma jovem Poetisa.Aos dezoito anos, Jesus tornou-se uma renomada Filósofa e então começou a ensinar novos alunos por toda a cidade. Dentre seus ensinamentos, estavam como base a Anarquia e a rebelião a todos sistemas de crenças, e após muita leitura, descobriu que o único deus que ela dobraria os joelhos nesse mundo, seria a mulher que vês diante do espelho.Jesus fez também muitas coisas boas. Comandou rebeliões contra o governo vigente que os oprimia. Lecionou os mais pobres e até mesmo Publicou livros.Por fim, seus atos revolucionários foram vistos como uma ameaça a religião e ao estado. E não demorou muito para que as autoridades desejassem sua morte. Jesus Lecionou Filosofia por uns três anos e meio desde então, de modo que aos seus 34 anos de idade foi crucificada em praça publicaSuas últimas palavras são repetidas até hoje– Amai a ti mesmo como nenhum próximo o fará! E nenhum deus dirá não! Pois não existe deus se não o próprio homem!Gritava em agonia a jovem mulher pregada na cruz Enquanto os apedeutas gargalhavam como diabos sátiros.“
„Alegoria do SuicídioEu sei que hoje será o meu último dia na terra, eu decidi isso enquanto caminhava solitário pelas penumbras da noite. Procurei por cada canto daquela vazia avenida, e não encontrei nenhum motivo para existir.Todos os motivos que eu supostamente haveria de encontrar eram mentiras contadas por mim mesmo afim de prolongar o castigo de viver.Voltei para casa, peguei aquela velha corda que ficava guardada na segunda gaveta, amarrei-a sobre o teto, e me dependurei sobre a miséria.Ali estava eu, debatendo-me enquanto sentia o nó daquela velha corda quebrando cada centímetro do meu pescoço, enquanto a minha alma escapava do meu corpo.Eu me debatia, e meus olhos lacrimejavam-se, talvez, fossem lágrimas de arrependimento. Mas agora já era tarde demais…Eu morri e minha alma caiu de joelhos diante da figura de um homem, aquele era eu, uma versão mais madura de mim que já havia passado por todos esses momentos de dor e agonia.Acreditei por alguns segundos, estar diante da morte, pois o meu corpo ainda estava ali dependurado sobre a sala de estar.Caminhei lado a lado com aquele homem misterioso, que com os dedos apontou para as estrelas e com uma voz suave ele me disse:- Se algum dia o desejo da morte gritar em seu rosto, não aperte o gatilho! Pense nas estrelas, elas morrem não porque elas querem, e sim porque chegou a hora.Viver sozinho é como mergulhar no infinito e voar até o céus tocando as nuvens e as estrelasEstar sozinho é como voltar no tempo e sentir-se novamente uma criança ou um deus a vagar pelo cosmosAndar sozinho é como viajar até o paraíso acompanhado por anjos ou dançar no inferno acompanhado por diabosViver sozinho… é também sentir a navalha cortar seus pulsos enquanto seu sangue jorra em alto mar é sufocar-se nas próprias lágrimas até que o seu pulmão se encha de sangue e a luz dos seus olhos se apagueSobreviver sozinho é renascer do castigo de existir é limpar o sangue com as próprias mãos é caminhar mesmo quando já não existe mais chão é matar quando não te oferecem perdão é amar a si mesmo por compaixãoÉ viver sendo o único deus na escuridão…“
„Homem e o Conhecimento – Uma Alegoria dialética.Certa vez, um filósofo em busca de conhecimento e sabedoria foi ao encontro de um velho Monge, conhecido por seus grandes feitos na literatura e no conhecimento mundial.Esse monge, conhecido como ‘’ Thoth o Sábio’’ Vivia no alto de um monte em uma biblioteca pessoal de livros escritos por ele mesmo.Ao subir o grande monte com muito esforço e dedicação e adentrar os portões de ouro da sagrada biblioteca, o Filósofo se surpreende com aquele velho monge. Que se encontrava sentado em meio aos livros em posição de Lótus expressando tamanha sabedoria.Com cautela, o Filósofo calmamente indaga uma forte questão ao sábio monge. Questão da qual, nunca a ele foi dirigida antes― Como podes um homem tão sábio, possuir tamanha certeza de sua vasta sabedoria? Poderias tu, me guiar a sabedoria do mundo?O Monge, abre calmamente seus olhos que antes estavam fechados e meditando calmamente. Ainda sentado na posição de Lótus, respondeu friamente― Quem eres essa tola alma que ousas dirigir-me a palavra?O Filósofo, ao ser chamado de tolo sorriu de maneira irônica com o canto de sua boca.― Sou apenas um jovem poeta, um velho filósofo, muitas histórias eu escutei sobre ti. Homens que o seguem como um deus, mulheres que o idolatram como um símbolo, crianças que leem seus livros e tornam-se jovens revolucionários. Pensei, se tamanha mente existe, o que seria de mim então? Um tolo. Tu és de fato, o mais sábio dos homens por isso escalei o mais alto dos montes, com o único objetivo de conhecer o mais sábio dos homens.O Sábio monge, orgulhoso de sua vasta sabedoria sendo elogiada por um jovem Filósofo. Se levanta, e caminha a um de seus muitos livros naquela vasta biblioteca. Pega um deles, intitulado ‘’ A Sabedoria do mundo’’ e então, abre em uma página com uma precisa marcação começando então a leitura de sua citação― E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios. Tudo isto provei-o pela sabedoria; eu disse: Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim. E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria. Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimentoApós escutar tal citação, o Filósofo reconhece que tal pensamento, não poderia ter advindo de tal homem, ele então indagou― Essa citação do seu livro, não eres da Bíblia sagrada? Tenho certeza que eu poderia encontra-la em Jó 12:13.O Monge, cai em gargalhadas. Colocando seu livro sobre uma velha mesa, perguntou ao Filósofo.― E não são os homens diabos copiadores? Todo conhecimento adquirido pelo homem, adveio de outro homem mais sábio.O Filósofo furioso, começa a caminhar por toda a biblioteca pegando todos os livros e abrindo-os de um a um.― Friedrich Nietzsche, Zaratustra, William Godwin, Schopenhauer, mas isso é um absurdo! Como pode se dizer o grande sábio? Se nenhum destes livros foi escrito por você, são apenas ideias de outros homens! Você é uma grande fraude!!Gritava o filósofo enquanto verificava e arremessava cada livro nas estantes.O Monge, ainda mantendo sua plena calma, indaga ao Filósofo uma simples questão.― Poderia me dizer, o que achas sobre Deus?O Filósofo, escutando tal pergunta simples e tola responde rapidamente sem pestanejar― Uma fantasia criada por homens, um mero mito, uma ideia, deus a muito tempo morreu e somos hoje homens da ciência!O Monge caindo em gargalhadas responde― Ainda não percebeu não é? Tudo o que disse, veio de outras mentes eu poderia categorizar sua resposta com o nome e o livro de cada pensador.O Filósofo, escutando tal resposta começa a refletir, refletindo ele responde calmamente― Não… essa resposta veio da minha mente, eu apenas a aprendi ao longo dos anos. No entanto, não me intitulo o grande sábio.― Então poderia me dar uma resposta a respeito da existência de Deus, sem mencionar ou pensar sobre alguma literatura que leu ou aprendeu durante seus longos anos de vida? Perguntou o Monge.O Filósofo caminha de um lado para o outro, seus neurônios queimando como um vulcão― Mas é impossível! Desde os pré-socráticos a mente do homem… vem aprendendo e evoluindo como um coletivo, esse desafio que me propôs é humanamente impossível.Respondeu o Filósofo com uma tonalidade séria em sua voz.O Monge calmamente pega um caderno velho, com anotações por todas suas folhas e entrega nas mãos do Filósofo.― Esta vendo cada anotação? Cada ideia? Todas as ideias que eu tive, toda a reflexão, em algum momento ela nasceu de algum outro homem. Até mesmo Nietzsche se inspirou em Stirner, todos os homens compartilham de uma filosofia coletiva, de uma ciência mental. Não se pode ser sábio, se negar o conhecimento preestabelecido pela humanidade.O Filósofo confuso, vendo tais anotações enquanto sua mente conectava cada referência literária, coloca o caderno sobre a mesa e pergunta― Como um monge, intitulado o sábio, nada mais é do que qualquer outro Filósofo, escritor ou homem que pisou nesse planeta? Me diga, o que diferencia você dos outros homens?O Monge, caminha até o Filósofo enquanto desvia das pilhas de livros, coloca a mão em seu ombro e pede que o siga. Ambos sobem uma escada, que leva ao segundo andar daquela biblioteca. Aonde um grande telescópio apontando para o céu os aguardava― Por favor, veja com seus próprios olhosO Filósofo, se aproxima do telescópio e ao observar a imensidão do cosmos é chocado por uma realidade assustadora. Diante de seus olhos, foram apresentadas incontáveis galáxias, planetas e mundos distantes.O Filósofo é claro, já havia lido em livros de astronomia sobre a imensidão do cosmos, mas nunca de fato o viu com seus próprios olhos.O Filósofo então, ao tornar-se o sábio monge realizou em sua primitiva mente de macaco, que mesmo lendo todos os livros já escritos. O conhecimento realizado pelo homem, de nada importa para o universo.Pois tudo que conhecemos, ou iremos conhecer não passa de um leve suspiro de uma criança que acabou de nascer mas morreu logo depois do parto.A vida, a existência tudo o que conquistamos, ou iremos conquistar. É apenas um grito ecoante de desespero para nos convencer que somos importantes, mas no fundo todos nós sabemos que somos inúteis.O Velho filósofo, tornou-se o sábio monge.Sábio, por reconhecer o seu lugar no nada, como um nada. Pois mesmo com todo o conhecimento do mundo, o nosso mundo é apenas um pontinho luminoso no céu…“
„Imaginem que um Filósofo ao visitar uma velha Biblioteca se depara com um velho Sábio- Estais perdido? Perguntou o Sábio- Se estou perdido, como poderias tu orientar-me a razão? Disse o filósofo em tom questionadorO Sábio abaixa sua cabeça, caminha de um lado para o outro e indaga – Estais perdido!?Filósofo: E não estamos todos?O Completo e absoluto silencio gritava mais alto do que suas bocas caladas, embora suas mentes gritassem mais alto do que o mais feroz diabo.Sábio: Não posso estar perdido, se eu sei exatamente aonde o verdadeiro eu estas, e deverias estar.Filósofo: E Como poderias tu saber aonde deverias estar e aonde estas?Sábio: Mas isso é muito simples, se estou em algum lugar, sigo a minha vontade. Está de acordo?Filósofo: E Como saberias que segues a tua própria vontade? Se não foi influenciado pelo homem que vive em ti, o homem que crê em ti e nos deuses! Como poderias tu, saber aonde deverias ir?O Sábio caminha a uma das muitas prateleiras e pega um livro, senta-se na frente do filósofo e diz de maneira serenaSábio: Se leres este livro, e após a leitura tornar-se outro homem, como diferenciarias quem tu és, para quem tornou-se?Filósofo: O Homem que leu este livro, para ti és um homem diferente antes deste mesmo livro? Digo, se hoje acredito no poder dos deuses, e amanhã perco completamente a fé por ler um livro ou dois, teria eu tornado me um homem sem fé, ou um homem diferente do que sempre fui?Sábio: Tornarias outro homemFilósofo: Mas isso é uma loucura, se torna-se outro homem a cada nova experiência, então tu, quem és afinal?Sábio: Isso é muito simples…O Sábio se levanta novamente e pega uma bíblia sagrada na escrivaninha a direitaSábio: Se ao ler estas fábulas, e acreditares com toda as forças que és cristo, isso torna-te cristo?Filósofo: Esse ato tornaria me um estudioso, um homem em busca de respostasSábio: Mas se as respostas levarem este homem a mais perguntas como poderias responde-las?Filósofo: Não há respostas afinal.Sábio: Quando tinhas dez anos de idade, pensavas o que?Filósofo: Eu era uma criança comum, católico, vivia na cidade pequena, mas o que a minha infância tem a ver com tudo isso?Sábio: Aquela criança ainda vive?Filósofo: Eu a matei, ela tornou-se o homem que souSábio: E ao matar o passado, tornou-se quem tu és!Filósofo: Mas esse argumento não sustenta a sua teoria, que ao lermos novos livros tornamo-nos outro homemSábio: Ao ler as palavras de cristo, tens dois homens prontos a nascer. Se ao leres a bíblia, e acreditar com toda a sua fé que és cristo, e que cristo vives em ti, o que tornarias?Filósofo: Um toloSábio: E o que este tolo faria após tornar-se um tolo?Filósofo: Viverias como um toloSábio: Ao leres as palavras de cristo e duvidares de sua existência, o que tornarias?Filósofo: Um sábio…Sábio: Então tornarias tu, outro homemO Filósofo pensativo caminha até uma seção na velha biblioteca, e pega uma série de livros matemáticos, senta-se em uma velha mesa acompanhada de uma pequena cadeira. Abre um dos velhos livros, aponta seu dedo sobre uma teoria matemática cientificaFilósofo: O Que compreendes ao ler esta teoria?Sábio: A Gravidade em sua mais bela e poética sinfonia matemáticaFilósofo: E Quem a escreveu? Poderias me dizer?Sábio: Isaac NewtonFilósofo: Consideravas Newton um sábio?Sábio: Mas é claro, um homem de muitas virtudesFilósofo: Mas este acreditava nos deusesSábio: E o que queres dizer com estas alegações?O Filósofo se levanta novamente e vai a uma pilha de livros ao lado, pegando então Assim falou Zaratustra de Friedrich NietzscheFilósofo: Conheces Nietzsche?Sábio: Mas é claro, estais a insultar-me?Filósofo: Se ao leres Newton e Nietzsche, o que tornarias?Sábio: Um novo homem…Filósofo: Este novo homem, serias quem? Nietzsche? Ou Newton? Como este homem diferenciaria os deuses da matemática? Friedrich de Newton?O Que eu quero dizer, como poderias tu, tornar-se outro homem ao leres dois autores distintos, se não o mesmo homem que agregou a si mesmo novas categorias do conhecimento.Sábio: Então alegas descaradamente, que sou o mesmo homem todos os dias da minha vida?Filósofo: E Como não poderias ser? Se ao leres mil livros, mudas-te de opinião mil vezes, és um metamorfo. Se ao escreveres mil livros, es um deus sobre os homens. Mas, se ao leres mil livros e aprenderes com estes próprios és o mesmo homem, com um intelecto refinado ao homem que eras anteriormente.Sábio: Queres dizer que o conhecimento é como um diabo possessor?Filósofo: Um diabo possessor?Sábio: Um diabo que tomas o corpo de um homem, mas não toma sua verdadeira essência.Filósofo: Estou de acordo, então voltamos a mesma questão ao nos conhecermos, como sabes que estais a seguir a sua própria vontade e não a de outros homens ou deusesSábio: Deixe-me responder essa questão, com uma alegoria que irá também sustentar meu outro ponto de vistaImagines que és um crente, que acreditas no poder do divino. Vives então em templos sagrados, seu mundo é o louvor, então descobres por um telescópio apontado aos céus que lá não há deuses, e sim homenzinhos verdes em outros mundos, descobririas então que neste novo mundo há também novos deuses como saberias tu que o deus que pregas e rezas és o verdadeiro?Filósofo: Não saberias, questionaria também os outros deusesSábio: E Se ao descobrires que além destes homenzinhos verdes, também existem tantos outros, e que o cosmos é repleto de deuses e vida. O Que tornarias a sua crença em um deus de carne?Filósofo: Se tornaria insensata, ausente de razão, mas ainda questionadora pela vontade de questionar e aprender sobre esses novos deuses.Sábio: Então responda-me, ao descobrir novos mundos tornou-se um homem diferente daquele pobre religioso de pés sujos em templos falsos?Filósofo: Deixaria de ser um crente, e tornaria me um questionador. Mas ainda seria o mesmo homemSábio: Se és o mesmo homem, por que não crê nos mesmos deuses? Tornou-se um novo homem ao conhecer outros mundos, pois o homem que fois um dia, suicidou-se diante das cordas sinceras da realidadeFilósofo: Se o que diz é verdade, e somos de fato, diabos possessores, possuídos pelo conhecimento que mata o homem mas não mata sua essência, como sabes que não estás perdido? Como diferencias a decisão do homem com a decisão do diabo?Se a cada nova experiência somos possuídos por um diabo diferente, se a cada livro torno-me um novo homem, se a cada mundo matamos um novo deus, quem eres tu afinal?Sábio: Mas isso é muito simples, imagine comigo a seguinte alegoriaSomos todos homens vagueando em um vale sem fim, pense que cada livro desta biblioteca és um diabo, ao seres possuído pelo diabo, torna-se o diabo, embora sua essência humana ainda prevaleçaFilósofo: Então acreditas que podes matar a si mesmo, e tornar-se o homem que eras, mas renovado em sabedoria?Sábio: Novamente estamos de acordo, poderias por favor dizer-me o que fazes em uma velha biblioteca como essa?Filósofo: Vim em busca de conhecimento, e autoconhecimento, mas acabei perdendo-me em tamanha sabedoria e tormentoSábio: E ao encontrar-me continua com este tormento?Filósofo: NãoSábio: E Por que não?Filósofo: Porque sei quem tu és, e vós não o conheceis, mas eu o conheço, e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós. Mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.Sábio: E quem sou eu?Filósofo: Tu és o meu Deus, e eu te darei graças; tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.Sábio: Se eu sou o seu Deus, o único e verdadeiro Deus, sou tu enquanto falas sozinho para as paredes, divagando sobre quem tu és e o que tornou-se!Tornas-te Deus, ao questionar a si, mas continuaste o homem que és, e que fois ao lembrar-se de si, e o que és.“
„Poema – O Equinócio part 2 Não sou um homem de virtudesTampouco acredito que desta vida Levarei alguma honraria Morrerei tal como tenho vivido Um Diabo a dançar nas labaredas Do meu próprio inferno Estou hoje convencido de todas as minhas incertezas Lúcido como um homem que perdeu a razãoNunca obtive sucesso na vida Destas falhas que colecionei por este longo caminhoTransformei o meu ninho de desprezo e decepçõesEm um paraíso de Tolos e SuicidasSe a criança que eu fui um dia Soubesse o monstro que eu me torneiArrancaria suas próprias tripas com as mãosE se enforcaria até que não sobrasse um único suspiro;E há tantos caminhos que eu poderia ter percorrido Mas quais destes caminhos me levariam ao céu?Se a alma que um dia eu tive A vendi só pelo prazer de vê-la queimar!Aonde se perdeu aquela inocente criança?Que dizia com lágrimas em seus olhos‘”Subirei aos céus e erguerei o meu tronoacima do cadáver de Deuseu me assentarei no monte da assembleia no ponto mais elevado e matarei todos os arcanjos Subirei mais alto que as mais altas nuvens serei como o Altíssimo espirito santo”Mas fui condenado as profundezas de SheolE fui levado ao mais profundo abismo!Eu que sempre sonhei em ser o filho da alvorada!Sou hoje a escuridão no coração dos loucos e dos suicidas (…)‘’ Na ala psiquiátrica a insanidade e a razãoTiveram um filho e o chamaram de DeusHoje devo chama-lo de paiPorque estas são as chamas da minha loucura’’O mundo é feito para as almas que desejam viverNão para os suicidas que mutilam seu próprio corpoCom a esperança de que algum dia fecharão os seus olhosE a morte beijará os seus lábios Tenho sonhado todas as noites com uma nova vidaUm novo rumo, até mesmo um novo nomeFilosofei com sofistas e poetas gregos Sobre a origem e o renascimento do universoDialoguei com cristo sobre o seu sacrifício E invejei seu amor pelos homens Nesta longa jornada descobri que sou só uma criançaCom medo do escuro e sonhos que nunca vão se realizarSerei sempre esta alma vazia Sentada no lado escuro da LuaAdmirando a luz das estrelasQue há muito tempo já se apagou…- Gerson De Rodrigues“