„Trecho do livro ‘Aforismos de um Niilista’Quando abracei a solidão me senti livre, pois ali eu poderia ser eu mesmo, sem fingir, sem agradar, apenas sendo eu o monstro que foi jogado injustamente no mundo do qual ele não escolheu viver.A Cada dia da minha vida, meus sentimentos se esvaem eu já não sinto ódio, ou raiva, amor, ou tristeza, felicidade para mim é uma impossibilidade sinto-me como se estivesse morto.Todos os dias paro para refletir ‘como isso aconteceu?’Em que determinado momento da vida eu me tornei um monstro? Um monstro que prefere a solidão a seus pais, um monstro que não sente, um monstro que não chora, um monstro cuja monstruosidade é o seu próprio ser.Minha última lembrança de felicidade se dá aos meus cinco anos de idade brincando de bonequinhos com a minha mãe, e mais tarde com meu pai – mas em um determinado momento da minha infância eu dei início a metamorfose ambulante que se tornaria futuramente o monstro que sou hoje. Penso se isso está em meu DNA, ou se apenas sou o culpado por tamanha monstruosidade.Eu afasto de mim amigos, namoradas e amantes, afasto também o amor sincero de meus pais; A Troco de que? A troco de nada! só puro e absoluto nada! O Nada Niilista seguido de uma solidão que apenas agrada a mim mesmo.Confesso que preferia ter me enforcado no cordão umbilical e morrido no parto. O Puro e simples fato de ser eu mesmo, faz com que aqueles ao meu redor sofram com isso, é como carregar uma maldição da qual a cura é sua própria morte.Mas fazer o que se sozinho é o que eu sou? Eu sou a solidão, eu sou o homem que caminha por ruas solitárias admirando a imensidão do cosmos. E Isso é tudo que eu sou….Apenas um sozinhoE não lamento por isso, me orgulho de ser o que sou. Apenas lamento que minha existência possa ferir tantas pessoas pelo simples fato de existir.Na vida temos duas escolhas, viver como quiser, ou viver para agradar os outros e cada escolha obviamente tem uma consequência.‘’ Viver para agradar os outros’’ – seria o ato de viver como as pessoas ao seu redor escolhem‘’ Viver como quiser’’ – é o ato de viver para si mesmo, ser o seu próprio deus, um soldado de Thelema como diria o ocultista Aleister Crowley‘’ faz o que tu queres há de ser o todo da lei”Por mais que as minhas escolhas pessoais possam afetar negativamente aqueles que se ‘importam’ comigo – de nada posso fazer pois não vivo para eles, vivo minha própria lei, sou o dono de mim mesmo.Sinto-me um monstro, mas um monstro livre.A Monstruosidade não é de todo mal, quem disse que os monstros são maus?Somos vistos como monstros por aqueles que não entendem nossa humanidade“
„Uma fria chuva de inverno…Quando a morte beijar a vida pela última vez Como uma fria chuva de inverno Ou o último suspiro de um homem Ao debater-se dependurado em uma corda O Universo derramará suas últimas lágrimas de solidão…A Morte deixará esse universo sem o triste despojo da carne Ou o lamentar dos cegos e a esperança dos tolosQuando a morte beijar a última estrela Na penumbra da noite apodrecerão também Os últimos deuses e as últimas cançõesBanhada de lágrimas a solidão irá cavalgar Em seu cavalo negro pelo vale do nada E até mesmo o universo irá clamar Em desespero com medo da morteMorreremos sem deixar porventura uma única alma errante…Quando a morte selar o contrato com o tempo E a vida dobrar os seus joelhosA Esperança que um dia brilhou Nos olhos de pequenos indivíduos Que admiravam o céu noturno Em um passado longínquo Desaparecerá para sempreMorreremos sem deixar um único suspiro, uma única sombra…A lembrança da vida irá se apagar Com a última estrela a brilhar na escuridãoE os diabos vão chorar abraçados aos deuses Enquanto o seu reino perece Na fria epiderme da morteMorreremos tão completamente Que o Niilismo irá se tornar a última verdade…A Única verdade a caminhar pelo vazio Ao lado da morte como a sua doce amanteAté que um dia a morte ao ler em seu diário Sobre a sua antiga companheira chamada vida Chorará lágrimas de sangue degolando-se com a sua própria foiceMorreremos tão completamente Que o próprio universo deixará de existir..E a completa ausência da matéria Tomara conta deste infinito vazioE o vazio finalmente poderá sorrir para a solidão beijando-a como uma fria chuva de inverno….“