„Imagine que um belo demônio, saísse do espelho e te oferecesse uma nova vida, mas para isso você teria que matar a si mesmo para vive-la – todas as suas decepções, seus medos, as noites que passou chorando, os seus dramas, absolutamente tudo seria apagado e você acordaria vivendo uma vida bem sucedida.Uma vida na qual todos te amam, seus pais se orgulham, seus amigos sempre o chamam para sair, você é aceito na sociedade e seu emprego tem um salário tão bom que poderia pagar por tudo que sempre sonhou.Você mataria a si mesmo, para viver essa nova vida?Adam, um jovem que odiava sua existência, tomou a sua decisão, aceitou o pacto com aquele belo demônio e apertou o gatilho contra sua própria cabeça.E ao acordar, estava vivendo uma nova vida os pássaros cantavam, sua mãe sorria esbanjando orgulho do seu filho, seu celular tocava incansavelmente com mensagens de seus fiéis amigos – tudo parecia perfeito.Aos poucos, vivendo essa nova vida adam percebe que seus amigos começam a se afastar, seus pais começam trata-lo com desprezo e ele é demitido do novo emprego. Sem perceber os motivos pelo qual sua nova vida estava desmoronando, ele corre aos prantos pedindo ajuda ao demônio;”– Por que? Por que a minha vida está desmoronando?” Perguntou adam em completo desesperoO demônio, iluminado pela luz da manhã sorri de maneira singela, e sem dizer nada mostra para Adam mais duas novas vidas; A Primeira uma versão ainda mais bem sucedida, e a outra sua antiga vida da qual ele temia e fugia desesperadamente.Sem hesitar, ele pegou novamente a arma e atirou em sua antiga vida, e em seguida atirou contra sua própria cabeça, e então acordou vivendo aquela nova vida que havia escolhido.Dessa vez, tudo parecia perfeito. Adam saia com seus amigos para festas e baladas que eles escolhiam, todos riam e esbanjavam felicidade; Seus pais estavam cada dia mais orgulhosos do seu novo emprego (…) Mas Adam não estava feliz, todos a sua volta sorriam e todos o aceitavam, mas faltava algo, faltava algo que ele não conseguia perceber.Furioso, ele volta correndo ao demônio, que desta vez estava chorando… Adam sem entender o que estava acontecendo, colocou as mãos no ombro daquele belo demônio e perguntou‘’ – Por que choras?’’O demônio, chorando e sem dizer absolutamente nada, mostra a Adam duas novas versões de sua vida. Adam confuso, observa uma versão ainda mais bem sucedida, e a sua antiga e original versão. Ele então indaga ao demônio de maneira furiosa‘’ – Sobre o que isso se trata!? Por que eu não consigo ser feliz mesmo sendo um homem sucedido!?’’O demônio se aproxima de adam, e aponta com os dedos para sua antiga vida e pela primeira vez ele diz algo‘’ Para ser feliz, é preciso primeiro aceitar quem você realmente é’’Uma gota de lágrima cai dos olhos do demônio, e ao olhar o seu reflexo adam finalmente percebe;‘’ Somos todos diabos, aos olhos do mundo que não nos compreende’’Muitas das vezes em meu âmbito de solidão, sou atormentado por monstros do passado que me assombram e gritam o meu nome me mostrando um passado que jurei esquecer, sou afogado em mágoas e arrependimentos e sufocado por uma versão de mim mesmo que a muito tempo eu não via (…) Para superar os monstros do passado, sou forçado a aceitar aquele que a muito tempo eu matei e jurei nunca ter existido.Para conviver em paz com os monstros do passado, é necessário primeiro fazer as pazes com o cadáver que você foi um dia.“
„Poema – SodomaNo esgoto dos ratosOs suicidas trepam com as baratasPara esquecer o seu medo da morteEnquanto aqueles que já se mataramParticipam de orgias com a mãe de cristoEm busca de salvação Da condenação divina;Há uma jovem neste exato momentoQue teve o seu coração partido Ela jura que a arma na gaveta do seu paiPode solucionar todos os seus problemasEnquanto o seu vizinho ao ladoChora todas as manhãs Com uma única chance De faze-la sorrir O quão irônica é a vida?Enquanto padres estupram criançasMães rezam para que cristo as protejamDo homem que as violentam todos os dias Como uma sinfonia composta porBeethoven e apreciada pelo DiaboA vida e a morte caminham de mãos dadasEnquanto nós meros mortais Clamamos por um abraço daqueles Que nos apunhalaram pelas costasUm homem de sessenta anos Teve o seu coração partido Mais vezes do que todos os seus filhosHoje ele chora sozinho em sua sala de estarSe perguntando por que não teve coragemDe se matar aos dezesseis anos Talvez porque a dor em seu coraçãoNão fosse tão forteQuanto a sua vontade de viver mais um dia?Vivemos vidas miseráveis Enquanto nos perdemos em ambiçõesDe uma vida feliz e um amor sinceroExiste um boato no infernoQue todas as almas felizes são condenadasAo abismo da melancolia Enquanto aqueles que sofreram em vidaSão abraçados pelo acalanto amorDe um anjo apaixonadoMas todos nós sabemos que Os contos bíblicos são mentirasContadas por homens que queimavamMulheres inocentes Em fogueiras de pura covardia e terrorBlasfêmias ofendem mais Do que crianças morrendo de fomeOu adolescentes cortando seus pulsosEnquanto seus pais dizem que o sangueQue escorre pelas suas veias É pura frescura Uma mulher inocente Foi estuprada por um monstro imundoEla se enforca se sentindo culpadaE o crápula é aplaudido pelos vermesQue chamam de amigos Vivemos em uma sociedade doenteE o suicídio para alguns é o remédioMenos doloroso…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – F32.3O sangue que escorre das suas víscerasé a morte de todas as suas convicções?Ou os devaneios sincerosde um suicídio inevitável?Não tentem me salvar!se afastem de mimdeixem que eu apodreça na minha própria misériaSe me ouvirem gritartampem os seus ouvidos!Escondam-se em suas igrejasreúnam-se em coletivosamem uns aos outrosMas eu imploro de joelhos!Deixem que eu me enforqueem meu quarto sozinhoQuero sentir a agonia do suicídiocurando cada ferida que existe em meu peitoComo ousam!?como ousam me chamar de louco?ou zombar das minhas doresNas poéticas maravilhasdeste assombroso universoansiedades e vertigensme torturam a cada segundoEnquanto o resto de vocêsreúnem-secantam e dançam!Alguma vez já sentiram ódiopor suas próprias vidas?Não me venham com as suas conclusões!não me digam que existe uma curaou que eu devo fazer isso ou aquiloSomente a solidãopode compreender a minha dorNo meu quarto reclusoeu sou judas a cuspir heresiasQuerem me impedir de matar os seus filhoscom poesias escritas em sangue?Então joguem o meu corpo aos cãesou me coloquem em camisas de forçaA minha alma é uma estrela em chamasque brilha mesmo quando o fogo já se apagouEu sou o filho bastardode um futuro que nunca aconteceuNunca fiz parte deste mundonão pertenço a esse teatro de mentirasno qual riem os Deusese choram os homensEstas mascaras que colocamtodos os diasO amor que sentemuns pelos outrosAs armas que usam paramatar aqueles que odeiamOs Deuses! Sim os Deuses!pelos quais curvam seus joelhos imundosA ajuda que me oferecema religião que me cospem na caraOs remédios que tomame dizem que eu devo tomarAté mesmo o ar que respiramou mundo pelo qual caminham com seuspés sujos de sangueEste teatro de almas vaziasque chamam vulgarmente de mundoÉ um lugar do qual eu nunca pertenci!tampouco desejo pertencerQuando encontrarem o meu corpodependurado com vermes a se alimentaremdos meus despojos podresNão chorem…pois se enxergas apenas um homem mortocontinuas cego diante da verdadeira tragédia!- Gerson De Rodrigues“
„Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre para a alma? Sofrer as pedradas e as setas da fortuna ultrajosa ou tomar armas contra um mar de tribulações e, fazendo-lhes rosto, dar-lhes fim? Morrer… dormir… mais nada. Dizer que, por meio de um sono, acabamos com as angústias e com os mil embates naturais de que é herdeira a carne é um desfecho que se deve ardentemente desejar. Morrer… dormir… dormir! Sonhar talvez! Ah! Aqui é que está o embaraço. Pois que sonhos podem sobrevir naquele sono da morte depois de nos termos libertado deste bulício mortal? Eis o que nos obriga a fazer pausa; eis a reflexão de que procede a calamidade de uma vida tão longa. Com efeito, quem suportaria os açoites e os escárnios desta época, a injustiça do opressor, a contumélia do orgulhoso, os tormentos do amor desprezado, as dilações da lei, a insolência do poder e os maus tratos que o mérito paciente recebe de criaturas indignas, podendo com um simples punhal outorgar a si mesmo tranquilidade? Quem quereria sopesar o fardo, gemer e suar debaixo de uma vida pesadíssima, se o temor dalguma coisa depois da morte – o desconhecido país de cujas raias nenhum viajante ainda voltou – não enleasse a vontade e não fizesse antes padecer os males que temos, do que voar para outros que ignoramos? Assim, a consciência torna-nos a todos covardes; assim o fulgor natural da resolução é amortecido pelo pálido clarão do pensamento; e, assim, empresas enérgicas e de grande alcance torcem o caminho, e perdem o nome de ação.“