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bigode
Relacionado com: bigode
„Gotas de chuva nas rosas e bigodes nos gatinhos.“
„Este que aqui vedes de rosto aquilino, de cabelo castanho, testa lisa e descarregada, de alegres olhos e de nariz curvo, embora bem proporcionado; as barbas de prata, que não há vinte anos eram de ouro, os bigodes grandes, a boca pequena, os dentes nem miúdos nem graúdos, pois não tem mais do que seis, e estes malpostos e pior dispostos, porque não têm correspondência uns com os outros; o corpo entre dois extremos, nem grande, nem pequeno; a cor viva, mais branca do que morena, as costas algum tanto encurvadas e os pés não muito ligeiros; este digo que é o rosto do autor de A galatéia e de D. Quixote, e de quem fez a Viagem ao Parnaso, à imitação da de Cesare Carali Perusino, e outras obras que por aí andam desgarradas, e talvez sem o nome de seu dono. Chama-se comumente Miguel de Cervantes Saavedra. Foi soldado muitos anos e cinco e meio cativo, onde aprendeu a ter paciência nas adversidades. Perdeu a mão esquerda de uma arcabuzada na batalha naval de Lepanto, ferida que, embora pareça feia, ele a tem por formosa, por tê-la recebido na mais memorável e alta ocasião que viram os passados séculos e esperam ver os vindouros, militando sob as vencedoras bandeiras do filho do corisco de guerra, Carlo Quinto, de feliz memória.“
„Ainda me lembro de meu pai. Era um homem alto e bonito, com os olhos grandes e um bigode preto. Sempre que estava comigo, era a beijar-me, a contar-me histórias, a fazer-mes as vontades. Tudo dele era para mim. Eu mexia nos seus [livro]]s, sujava as suas roupas, e meu pai não se importava. As vezes, porém, ele entrava em casa calado. Sentava-se numa cadeira ou passeava no corredor com as mãos atrás das costas, e discutia muito com minha mãe. Gritava, dizia tanta coisa, ficava com uma cara de raiva que me fazia medo(…) Coitado de meu pai! Parece que o vejo quando saiu de casa com os soldados, no dia do seu crime.(…) Vim a compreender, com o tempo, porque razão se deixara a levar ao desespero. O amor que tinha pela esposa era o amor de um louco. O seu lugar não era no presídio para onde o levaram. O meu pobre pai, dez anos depois, morria na casa de saúde, liquidado por uma paralisia geral.“
„Me dão mingaus, caldos quentes, me dão prudentes conselhos, eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, a tua boca de brasa.“
„Daqui a quanto tempo é que farei a barba?e os anos a passarem, lentíssimos, sem nenhum pêlo nele, respondam-me que idade temos, uma mão cheia de gaivotas sobre a minha cabeça e os pinheiros de volta, o meu pai a humedecer o pincel, a girá-lo na caixa do sabão, a passeá-lo no lugar do bigode, a tirar uma das navalhas do- Que idade tens?estojo e sangue no lábio, a mãe dele procurou o algodão na lata, pingou-lhe em cima a tintura das feridas- Só fazes asneiras não choreso pai à mesa do jantar, que idade- Cortaste-te?temos, com medo que a mãe contasse, sem se atrever a olhá-la, e a colher a ascender da terrina da sopa, salvando-o- Uma coisa insignificante já passouvontade de saltar-lhe para o colo, beijá-la, chamar-lhe nomes ternos, não há nada melhor no mundo que o alívio, a vida cheia de cores, uma passadeira que se desenrolava à sua frente e havia de percorrer pairando, já passou que felicidade, uma coisa insignificante, não existem palavras mais bonitas, a mãe do meu pai piscou o olho ao meu pai enquanto o pai do meu pai desdobrava o guardanapo num vagar episcopal- De que está a sorrir pai?e uma voz de garoto, vinda das brumas anteriores a mim- Coisas velhas menina“
„O homem gostaria de ser peixe ou pássaro, a serpente gostaria de ter asas, o cão é um leão confuso… Mas o gato quer ser somente gato, e todo gato é um puro gato desde o bigode ao rabo“
„Os animais foramimperfeitos,compridos de rabo, tristesde cabeça.Pouco a pouco foram secompondo,fazendo-se paisagem,adquirindo manchas, graça, voo.O gatosó gatoapareceu completoe orgulhosonasceu completamente terminado,caminha sozinho e sabe o que quer.O homem quer ser peixe e pássaro,a serpente queria ter asas,o cachorro é um leão desorientado,o engenheiro quer ser poeta,a mosca estuda para ser andorinha,o poeta tenta imitar a mosca,mas o gato só quer ser gatoe todo gato é gatodo bigode até o rabo,do pressentimento ao rato vivo,da noite até seus olhos de ouro.Não existe unidadecomo ele,nem têm a lua nem a flortal contextura:é uma coisa sócomo o sol ou o topázio,e a elástica linhade seu contornofirme e sutil é comoa linha da proa de uma nave.Seus olhos amarelosdeixaram uma sóranhurapara pôr as moedas da noite.Ó pequeno imperador sem orbe,conquistador sem pátria,mínimo tigre de salão, nupcialsultão do céudas telhas eróticas,o vento do amorna intempériereclamasquando passase pousasquatro pés delicadosno solo,farejando,desconfiadode tudo que é terrestre,porque tudoé imundopara o imaculado pé do gato.Ó fera independenteda casa, arrogantevestígio da noite,preguiçoso,ginástico,e alheio,profundíssimo gato,polícia secretadas moradas,talvez não sejas mistério,todo mundo sabe-te e pertencesao habitante menos misterioso,talvez todos o creiam,todos se creiam donos,proprietários, tiosde gatos, companheiros,colegas,discípulos ou amigosde seu gato.Eu não.Eu não concordo.Eu não conheço o gato.Tudo sei, a vida e seu arquipélago,o mar e a cidade incalculável,a botânica,o gineceu com seus extravios,o mais e o menos da matemática,os funis vilcânicos do mundo,a casca irreal do crocodilo,a bondade ignorada do bombeiro, o atavismo azul do sacerdote,mas não posso decifrar um gato.Minha razão resvalou em sua indiferença,seus olhos têm números de ouro.“
„CAPÍTULO XCIX O FILHO É A CARA DO PAI Minha mãe, quando eu regressei bacharel quase estalou de felicidade Ainda ouço a voz de José Dias, lembrando o evangelho de São João, e dizendo ao ver-nos abraçados: – Mulher, eis aí o teu filho! Filho, eis aí a tua mãe! Minha mãe, entre lágrimas: – Mano Cosme, é a cara do pai, não é? – Sim, tem alguma cousa, os olhos, a disposição do rosto. É o pai, um pouco mais moderno, concluiu por chalaça. E diga-me agora mana Glória, não foi melhor que ele não teimasse em ser padre? Veja se este peralta daria um padre capaz. – Como vai o meu substituto? – Vai indo, ordena-se para o ano, respondeu tio Cosme. Hás de ir ver a ordenação; eu também, se o meu senhor coração consentir. É bom que te sintas na alma do outro, como se recebesses em ti mesmo a sagração. – Justamente! – exclamou minha mãe. – Mas veja bem, mano Cosme, veja se não é a figura do meu defunto. Olha, Bentinho, olha bem para mim. Sempre achei que te parecias com ele, agora é muito mais. O bigode é que desfaz um pouco… – Sim, mana Glória, o bigode realmente… mas é muito parecido. E minha mãe beijava-me com uma ternura que não sei escrever. Tio Cosme, para alegrá-la, chamava-me doutor, José Dias também, e todos em casa, a prima, os escravos, as visitas, Pádua, a filha, e ela mesma repetiam-me o título.“