„Manifiesto de la LibertadNestes versos não há poesia Nem mesmo filosofia Apenas um grito de rebeldia, uma canção de Anarquia Não tapem seus ouvidos, e não calem minha boca; Porque mesmo calado eu grito, Mesmo morto eu proclamo…Que a música que eu ouço ao longe Sejam as trombetas do apocalipseO Exército marcha nas ruas Com as suas botas sujas de sangue; Torturam estudantes e matam manifestantes Enquanto são aplaudidos por um bando de ignorantesQue as palavras que eu falo Não sejam ouvidas como prece E nem repetidas com fervor, Apenas respeitadas como a canção de um homem que morreu por amorErguemos nossa bandeira negra E lutamos contra o Fascismo Mas a outra metade se calou e aplaudiu o NazismoOs líderes mundiais dividiram o povo Na esquerda colocaram os enforcados, e na direita os decapitados E nessa tensão o homem aplaude, julgando os mortos do outro ladoOs porcos fascistas continuam marchando O chão de sangue continuam manchando Enquanto o hino nacional continuam cantando…Com mentiras populistas alienaram a população Em uma guerra civil transformaram o povão; Em um espelho de sangue, aonde irmão mata irmão Diziam os fascistas ‘’ É uma batalha contra corrupção’’ Mataram um negro inocente o acusando de ladrão…Um general fascista junto de um capitão criaram campos de concentração ‘’ Precisamos combater o comunismo em nome da nação’’O Povo sem esperança e sem alegria Levantaram bandeiras de anarquiaPois enquanto existirem jovens rebeldes existirá anarquia A Juventude exalava rebeldia;Nas ruas marchamos e lutamos Muitos de nós morreram, mas morreram lutando…Suas lutas não foram em vão Finalmente capturamos o capitão- Enforquem-no! Em nome da nação!“
„Alegoria do SuicídioEu sei que hoje será o meu último dia na terra, eu decidi isso enquanto caminhava solitário pelas penumbras da noite. Procurei por cada canto daquela vazia avenida, e não encontrei nenhum motivo para existir.Todos os motivos que eu supostamente haveria de encontrar eram mentiras contadas por mim mesmo afim de prolongar o castigo de viver.Voltei para casa, peguei aquela velha corda que ficava guardada na segunda gaveta, amarrei-a sobre o teto, e me dependurei sobre a miséria.Ali estava eu, debatendo-me enquanto sentia o nó daquela velha corda quebrando cada centímetro do meu pescoço, enquanto a minha alma escapava do meu corpo.Eu me debatia, e meus olhos lacrimejavam-se, talvez, fossem lágrimas de arrependimento. Mas agora já era tarde demais…Eu morri e minha alma caiu de joelhos diante da figura de um homem, aquele era eu, uma versão mais madura de mim que já havia passado por todos esses momentos de dor e agonia.Acreditei por alguns segundos, estar diante da morte, pois o meu corpo ainda estava ali dependurado sobre a sala de estar.Caminhei lado a lado com aquele homem misterioso, que com os dedos apontou para as estrelas e com uma voz suave ele me disse:- Se algum dia o desejo da morte gritar em seu rosto, não aperte o gatilho! Pense nas estrelas, elas morrem não porque elas querem, e sim porque chegou a hora.Viver sozinho é como mergulhar no infinito e voar até o céus tocando as nuvens e as estrelasEstar sozinho é como voltar no tempo e sentir-se novamente uma criança ou um deus a vagar pelo cosmosAndar sozinho é como viajar até o paraíso acompanhado por anjos ou dançar no inferno acompanhado por diabosViver sozinho… é também sentir a navalha cortar seus pulsos enquanto seu sangue jorra em alto mar é sufocar-se nas próprias lágrimas até que o seu pulmão se encha de sangue e a luz dos seus olhos se apagueSobreviver sozinho é renascer do castigo de existir é limpar o sangue com as próprias mãos é caminhar mesmo quando já não existe mais chão é matar quando não te oferecem perdão é amar a si mesmo por compaixãoÉ viver sendo o único deus na escuridão…“
„Poema – Os Pássaros na minha janelaEm meu peito vive uma angustiaque transborda pelos meus olhosRespiro ofegantesentindo um aperto em meu coraçãoO desespero toma conta do meu corpocom as mãos tremendoentro no banheiro aos prantosSem pensar nas consequênciaseu me enforco no chuveiroO meu corpo se debate em agoniaas minhas mãos tremulas tentamse agarrar nos azulejosO chuveiro estourasou arremessado ao chão de joelhose as minhas lágrimas fundem-se com a águaChorando sem saber o que fazereu deito na cama abraçado a solidãoPassaram-se três diase eu ainda não me levanteiVejo o meu corpodefinhar-se com a fomeos meus ossos secarem com a tristezaAs baratas no meu quartosão as únicas testemunhasdo meu fim decadenteLá fora há um pássaroque canta em harmoniaeu poderia morrer agorae seus sussurros me fariam sorrir Com o corpo fracosentindo todo o peso do mundonas minhas costasEm passos leveseu tento caminhar até a janelaAo abri-lame deparo com um mundosombrio e repleto de dorSou arremessado de joelhosnas chamas escaldantesdo meu próprio infernoCaminhando descalçoem meio as chamasEu me vejo enforcadogritando o meu próprio nomeCristo se arrastaao meu lado de joelhosenquanto a minha alma chicoteiaas suas costassó para vê-lo sangrarAo fundoeu vejo a mortedilacerando almas confusascom um sorriso em seu rostoUm diabo terrívelse esgueira sobre os meus pésE em seus olhoseu vejo a figura de um homem tristeDeitado na camadefinhando-se com a fomeenquanto as suas angustiascorroem os seus sonhose o mata aos poucosAquela criatura decadentedefinhando-se em seu próprio abismoera tudo que eu fuie tudo que eu souAqueles eram os meus sentimentosminhas dorese minhas angustiasOs ratos se alimentavamdos meus restos podrese as baratas faziam ninhos nas minhas entranhasTal como cristo que sorriupela ultima vezquando foi abandonado pelo seu próprio paiOu como as estrelas órfãsa vagar na escuridãoSomente morto eu poderia sorrirpara os pássaros na minha janela…- Gerson De Rodrigues“