„Poema – EmmaEu nunca vou me esquecer daquela noiteVocê havia ido emboraNo dia que eu também decidi partirHoje nos culpamos pela morte delaTalvez aquela criança tivesse o seu sorrisoOu os meus olhosTentei te ligar algumas vezesE eu sei que você também tentou me ligarDeveríamos segurar as nossas mãosComo fizemos naquela noite no hospitalMas nos culpamos todas as manhãsPela morte da nossa única filhaTalvez,Este único acontecimento catastróficoTenha sido o real motivo pelo qualVocê tenha ido emboraAinda visito os mesmos lugaresOntem fui mais uma vez naquela praçaEncontrei uma garotinha sorrindoNo mesmo momento eu lembrei da nossa pequena;Confesso que chorei por algumas horasNo mesmo banco que transamos algumas vezesChorei até finalmente a chuva virE fundir-se com as minhas lágrimasEu sei que você se culpaPelo excesso de remédiosMas talvez se eu estivesse ao seu ladoEla estaria hoje falando ‘’ Mamãe’’ pela primeira vezA culpa foi toda minhaEu sou maldito demais!Ferrado demais!Para que a vida me presenteasse com uma filhaVocê não deveria ter se envolvido com alguémQue vendeu a sua alma para o DiaboEm troca de alguns livrosA maldição está nos meu sangueEu nunca serei capaz de gerar uma vidaSem antes gerar a morte em seu lugarEu não sei aonde você está agoraNunca mais tive notícias suasEu continuo aquiTentando de alguma forma compensar a dorDe ter perdido vocês duasMe culpando todas as noitesPor não ter conseguido realizar o seu maior sonhoDizem que quando você entrega a sua Alma para o DiaboDeus abençoa a pessoa que você mais ama com uma vidaHoje eu decidi me enforcarTalvez seja uma formaDe trazer equilíbrio sabe?Se algum dia você ler este poema e eu não estiver mais aquiNão desista de ser mãe com outro alguémPois eu já terei partidoE direi a nossa filhaQue você sempre a amou…- Gerson De Rodrigues“
„Uma fria chuva de inverno…Quando a morte beijar a vida pela última vez Como uma fria chuva de inverno Ou o último suspiro de um homem Ao debater-se dependurado em uma corda O Universo derramará suas últimas lágrimas de solidão…A Morte deixará esse universo sem o triste despojo da carne Ou o lamentar dos cegos e a esperança dos tolosQuando a morte beijar a última estrela Na penumbra da noite apodrecerão também Os últimos deuses e as últimas cançõesBanhada de lágrimas a solidão irá cavalgar Em seu cavalo negro pelo vale do nada E até mesmo o universo irá clamar Em desespero com medo da morteMorreremos sem deixar porventura uma única alma errante…Quando a morte selar o contrato com o tempo E a vida dobrar os seus joelhosA Esperança que um dia brilhou Nos olhos de pequenos indivíduos Que admiravam o céu noturno Em um passado longínquo Desaparecerá para sempreMorreremos sem deixar um único suspiro, uma única sombra…A lembrança da vida irá se apagar Com a última estrela a brilhar na escuridãoE os diabos vão chorar abraçados aos deuses Enquanto o seu reino perece Na fria epiderme da morteMorreremos tão completamente Que o Niilismo irá se tornar a última verdade…A Única verdade a caminhar pelo vazio Ao lado da morte como a sua doce amanteAté que um dia a morte ao ler em seu diário Sobre a sua antiga companheira chamada vida Chorará lágrimas de sangue degolando-se com a sua própria foiceMorreremos tão completamente Que o próprio universo deixará de existir..E a completa ausência da matéria Tomara conta deste infinito vazioE o vazio finalmente poderá sorrir para a solidão beijando-a como uma fria chuva de inverno….“