„Poema – Para dizer que eu nunca falei do AmorSobrevivi sozinhoNoites terríveis de insôniaCompartilhando a melancolia do meu coraçãoCom as lágrimas em meu travesseiroEu me apaixonei pela sua vozEstive ao seu lado quando todos foram emboraBeijei a sua testa quando você precisou de carinhoTe levei café da manhã quando você estava se sentindo sozinhaTe peguei no colo, quando você sentiu medo do escuro(Ah… Se você soubesse todas as coisas que eu fiz por você)Me droguei com remédios que nunca daríamos aos nossos filhosSó para controlar a dor que existia em meu coraçãoE acalmar as feridas que existiam no seuVocê se lembra quando conhecemosA morte pela primeira vez?Estávamos naquele quarto de hotelFodendo como dois viciados em sexoSentia a sua buceta molhada pulsando na minha bocaO seu gozo misturado com o teu sangueFaziam dos seus gemidos sinfonias impuras;Após declararmos o que definiríamosFuturamente como amorVocê foi invadida por uma convulsãoTe segurei morta nos meus braçosDesci as escadas implorando por ajudaDentro da minha cabeça,O diabo gargalhava sobre a minha misériaMas eu não podia desistirEmbora os seus olhos já sem vidaMe provassem o contrárioPela primeira vez dobrei os joelhos para um DeusQue jurei odiarE o resto de nossas vidas passou diante dos meus olhosVocê acordou me dizendo;‘’Amor eu te amo muitoObrigado por não me abandonar’’Vivemos um amor intensoMas hoje você me diz AdeusCom a mesma intensidade que dizia‘’Eu te amo’’Eu fui embora quinze dias apósTe pedir em noivadoHoje você voltou três meses depoisVocê continua me dizendo AdeusE eu continuo dizendo que Te amo…Eu não te abandonei quando a morteBeijou os seus lábiosMas hoje você me abandonaTodas as vezes que preciso de ajudaMas eu compreendo o Adeus em suas palavrasTalvez eu não mereça o Amor que jurei te darMe lembro quando sonhávamos em beijarA testa da nossa filhaHoje…Os meus sonhos são limitadosA uma garrafa de WhiskyE alguns cigarros velhosJunto de uma corda que eu guardoNa mesma gavetaQue guardávamos as nossas alianças…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – Caos e Surto Eu nunca fui amado Tal como eram os outros Nunca vi olhos brilharem ao me verem sorrirOu lábios tremerem ao citarem o meu nomeNunca tive um abraço em momentos de desesperoTampouco acreditei que algum dia o teriaVivi uma vida de miséria e angustiasAlimentando o Diabo que vive em meu peitoCom dores e lamentações que não desejaríamos ao DeusesDo amor vivi somente os PecadosE as Orgias Os gemidos e arranhões Bucetas espalhando o seu gozo Nos céus da minha bocaPanEra o meu segundo nome;Na solidão criei vínculos com a minha própria sombraMe envolvi em paixões Que nenhum Poeta jamais viveu E em nenhuma destas paixões Compreendi o verdadeiro significado da palavra amorComo se Afrodite pudesse amar todos os homensE os cupidos todas as mulheres Mas nenhuma alma fosse capaz de amá-los Intenso como um ArcanjoCuja as asas foram arrancadas com as unhasDe um anjo que o impediu de amar Do amor Conheci somente as suas feridas E os seus lábios doces em beijos poéticosQue rimavam com a sinfonia dos seus gemidos Seus pés delicados na minha bocaOs arranhões pelas suas coxas grossas Que fundiam-se com o vermelho dos seus quadrisNa submissão das nossas orgiasMe apaixonei por Afrodite Mas com Lilith passei as minhas noitesAmei Como nenhum outro Poeta jamais amouAmei até que a minha sanidade fosse Suprimida pela minha vontadeAmei até que o meu coração Queimasse com as chamas de um ódioQue eu mesmo alimentei Amei…Até o último Adeus As últimas lágrimasAmei sozinho!Recluso em um ninho de ratosNa reclusão das minhas ilusões Sou como a maçã podre em campos líricos Abandonado entre os vermes e as cinzas Caos e surtoComo uma alegoria para a morteQue se estende até os rincões do universoE morre nos versos de um Poema Sou a maldição das estrelas Ofuscada pela escuridão dos meus olhos…“
„Poema – Lilith ‘’ A Morte é a brasa que incendeia no coração de todos os homensa chama que queima no interior das estrelas e que inevitavelmente queimara todo o universo transformando-o em cinzasContemplo a morte como a brisa que estremece a luz dos meus olhos que aos poucos se apagamEnquanto os meus lábios trêmulos sorriem diante dos sonhos da vida que se esvaem com o sangue dos meus punhosE a realização de que vou virar póparadoxalmente me tranquilizacomo as flores sobre os túmulos ou a brasa da morte que incendeia no coração de todos os homens…’’Eu sou Deussou o símbolo incarnado do amor e do ódiosou o homem pregado na cruzsou o arcanjo banido dos céussou a alma aprisionada no infernoe o cúpido a cantarolar nas canções de amorSou uma criança maldita aprisionada no mundo dos homensuma alma sem história ou destino Eu sou a Deusa que as religiões adorameu sou o Deus que os ateus ignorameu sou o Diabo pregado na cruzeu sou o homem clamando por JesusPregado na cruz ígnea de mim mesmoeu sou o pecado e eu sou a salvaçãoSou a insônia da dor e o pesar da solidãoA depressão já impregnada e sem curaA dor nas noites de insônia A medicação que me mata aos poucos (…)A Poesia de um Poeta louco que abdicou da sua sanidadea escrever os versos mais terríveis Um dia até mesmo o Diaboo abandonou Então ele esqueceu o seu próprio nomeesqueceu os seus próprios versosaté mesmo porque escrevia coisas tão terríveisSem saber quem ele eraDesignou-se a si mesmo como DeusTrancou-se em um quarto escuropregou os seus próprios pés e mãosE com a mão que utilizou para martirizar-seapontou para os céus e gritou – Oh Pai, por que me abandonastes? Ele morreu sem saber ao menos que ele era Deus, O Diabo e o HomemMas ao mesmo tempo o pó que para o nada retornastes…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – SloniecNas auroras do tempomuito antes dos homenscaminharem pela terraUm arcanjo que odiavatodos os deusesbatia as suas asas na mais ríspida solidãoCerta vez,enquanto vagava pelo universoescutou os lamentos de um anjo;Sloniec chorava,e as suas lágrimas partiramo seu coraçãoAquele arcanjo de asas negrasque viveu toda a sua vidaatormentado pelas suas angustiasComoveu-se com as lágrimasdaquele anjoE ao perguntar porqueela estava chorandoO anjo respondeu que haviacometido o maior de todos os pecadosEla havia se apaixonado pelo Arcanjoenquanto observava ele vagandoem sua própria solidãoAssustado com o Amorque nunca havia sentidoO Arcanjo bateu as suas asase isolou-se nos confinsde um buraco negroDevido ao pecado de Amaros deuses baniram a almadaquele anjono corpo de uma criança humanaO Arcanjo enfurecido,se rebeloucontra os deusesE com as suas próprias mãosderrubou os portões dos céusEnforcando todos os deuses e arcanjosem suas próprias tripasfazendo das suas vísceraspoesias de sangueE como um último atoenquanto chorava olhandoas estrelasBaniu a si mesmopara o reino dos homensReencarnandoem um jovem Poeta;Ele havia crescido sem lembrardo seu passadoMas durante toda a sua vidaafogava-se em lágrimasque ele nunca soubede onde vinhamSloniec era a mais belahumana que já havia caminhado pela terrao seu sorriso era como a Lua e as Estrelaslábios que nos beijam e nos levam a loucuraMas o seu coração era tristee o suicídio vagava ao seu lado;Enquanto planejava se enforcarem uma destas noites solitáriasO jovem poeta foi atraídopela mais bela das sinfoniasUma voz tão doceque fariam flores nascerem um coração suicidaSem compreenderaquele nefasto sentimentoo jovem poeta jurou pelos deusesque havia matadoQue iria amar e protegeraquela garotaque fez suas asascrescerem novamente…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – Esquizofrenias & MetáforasSe as estrelas fossemcapazes de escrever poesiasescreveriam sobre a morte do universonão há nada mais poéticodo que a arte de morrerSe os deuses descessem dos céuse me oferecessem uma nova vidaeu a aceitaria!só pelo prazer de me enforcarnos cordões umbilicaise apodrecer nas entranhasda minha própria mãeAchas que eu sou louco?me consideras insano?Não tentem compreender os meus poemasse não consegues ouvir as vozes em sua menteOs Filósofos e os Poetassão como os Deuses e os Diaboseles podem elevar os homens aos céus,ou submetê-los a vermes insignificantesSinto o vírus da vida corroer as minhas entranhasdesde as auroras do meu nascimentoEu sou um homem falhoum anjo caído que não foi capaz amarFazem dias que eu não consigo dormirnos devaneios da minha mente insanamato-me todas as noitespara suportar a dorA Filosofia e a insôniasão como a noite e as estrelaslábios que nos beijam e nos levam a loucuraÉ Por isso que as mentes mais insanascompartilham com a noiteo desejo da morte que apenas as estrelas podem compreenderEm uma destas noites friasuma sinfonia terrível rasgou os céusanjos e demônios caíram sem as suas asascrianças choravam e gritavam- Deus! Deus!gritavam os fiéisAquela silenciosa e melancólica noitehavia se tornado um terrível pesadeloA Morte e o Diaboinvadiram o meu quarto com o seu cavalo de fogobeijaram-se sobre a minha camaenquanto gargalhavam sobre as minhas descrençasAcreditei fielmente que a morte iriame poupar deste infernolancei-me aos seus pés de joelhosGritando como um homem louco!- Joguem-me em uma vala qualquer!me enterrem vivo!mesmo que eu grite por misericórdiaou arranque as minhas próprias tripas em desesperomatem-me sem nenhum perdãoEla sorriu de tal maneirae com uma voz cruel gritou em meus ouvidos- Se queres morrerViva intensamente!Viva até que os vermes tenham pena da sua carcaçaviva até que os deuses desçam dos céus em suas carruagense implorem a ti pelo suicídio final“
„Poema – O Equinócio part 2 Não sou um homem de virtudesTampouco acredito que desta vida Levarei alguma honraria Morrerei tal como tenho vivido Um Diabo a dançar nas labaredas Do meu próprio inferno Estou hoje convencido de todas as minhas incertezas Lúcido como um homem que perdeu a razãoNunca obtive sucesso na vida Destas falhas que colecionei por este longo caminhoTransformei o meu ninho de desprezo e decepçõesEm um paraíso de Tolos e SuicidasSe a criança que eu fui um dia Soubesse o monstro que eu me torneiArrancaria suas próprias tripas com as mãosE se enforcaria até que não sobrasse um único suspiro;E há tantos caminhos que eu poderia ter percorrido Mas quais destes caminhos me levariam ao céu?Se a alma que um dia eu tive A vendi só pelo prazer de vê-la queimar!Aonde se perdeu aquela inocente criança?Que dizia com lágrimas em seus olhos‘”Subirei aos céus e erguerei o meu tronoacima do cadáver de Deuseu me assentarei no monte da assembleia no ponto mais elevado e matarei todos os arcanjos Subirei mais alto que as mais altas nuvens serei como o Altíssimo espirito santo”Mas fui condenado as profundezas de SheolE fui levado ao mais profundo abismo!Eu que sempre sonhei em ser o filho da alvorada!Sou hoje a escuridão no coração dos loucos e dos suicidas (…)‘’ Na ala psiquiátrica a insanidade e a razãoTiveram um filho e o chamaram de DeusHoje devo chama-lo de paiPorque estas são as chamas da minha loucura’’O mundo é feito para as almas que desejam viverNão para os suicidas que mutilam seu próprio corpoCom a esperança de que algum dia fecharão os seus olhosE a morte beijará os seus lábios Tenho sonhado todas as noites com uma nova vidaUm novo rumo, até mesmo um novo nomeFilosofei com sofistas e poetas gregos Sobre a origem e o renascimento do universoDialoguei com cristo sobre o seu sacrifício E invejei seu amor pelos homens Nesta longa jornada descobri que sou só uma criançaCom medo do escuro e sonhos que nunca vão se realizarSerei sempre esta alma vazia Sentada no lado escuro da LuaAdmirando a luz das estrelasQue há muito tempo já se apagou…- Gerson De Rodrigues“