„Poema – Diário de um homem que nunca existiu‘’ Como um sátiroque dança aosom dos meus gritos de misericórdiaexterminarei todos ao meu redorLentamente como as lágrimasque caem dos meus olhossem piedade estriparei a todosE até que a cólera da depressãoe o tormento da ansiedademe transforme em um mártirnenhum de vocês terão paz!Declaro nestes versoso suicídio de todos os homens!’’Infância;Ainda que em meusprimeiros anos de vidaeu já podia assistir o meu futuro em ruínasIsolado nas sombrasfui corrompido por uma timidezque rasgou o meu coraçãoe dilacerou a minha almaSem desistir busqueirefugio em templos sagradosMas fui obrigado a assistirfreiras e padres se enforcaremem suas próprias tripascom medo da dorque viam em meus olhosAdolescência;Do sangue que escorriados meus pulsosencontrei a rebeldiapara selar a minha dorCom as minhas próprias mãosenfrentei o mundo em nome da anarquiaAinda que as lágrimas estivessemem meus olhoseram os meus pais quem sofriaSufocado pela angustia de existirme enforquei em meu próprio quartoenquanto lúcifer gargalhava em silêncioVida adulta;Com marcas em meu corpoque fariam cristo chorarsobrevivi a cada tentativa de suicídioOntem enterrei a minha mãeno tumulo ao lado do meu paiA solidão é minha última companhiamas quando eu preciso delaé a depressão que me acolheVivendo como um vermeem meio as ovelhasCaminho pelas ruas como um estranhoperdido em seu próprio infernoSuicídio;sentado em meio as baratasobservo fotografias antigasque remetem a um passado sórdidoQuando eu ainda era um monstrorasgando o ventre da minha mãeSe a minha féfosse tão forte quantoas minhas doresDobraria meus joelhose clamaria aos céuspara que devolvessem as asas de lúciferE beijando as patas do diaboselaria um pacto de sangueMe enforque no ventre da minha mãepara que ela nunca mais precise sofrer de novo- Gerson De Rodrigues“