„Paranoia – Metáforas sobre o absurdo de existir.Me amaldiçoaram, jogaram-me aqui, me puniram com a existência!Transformaram qualquer oportunidade que a mim seria concebida de ser feliz, em algo que chamam vulgarmente de ‘’vida’’– Vida? pergunto-me, se o que chamas de vida é este mundo podre cheio de dor e sofrimento do qual somos fadados a viver. Então grito por janelas vazias, Indignado…MATEM-ME!!!Que direito achas que tem? Punindo-me desta maneira, escolhendo o meu vulgar futuro, ditando-me regras impostas contra a minha própria lei! O Que eres tu? Um ditador? Curvar-me perante ti não irei. Pois aquele que ousar fazer de mim um servo será considerado meu mais odioso inimigo.Pais e Mães… Oh criaturas terríveis que nos castigaram com a maldição de existir. Deixem-nos no nada! Deixem-nos no purgatório da não existência! MAS NÃO!! Não… amaldiçoe-nos com a vida…O Que serias de mim sem a vida? um nada digo eu, pois quero ser o nada e a mim deveria pertencer este direito, o direito de nada ser, de nada escolher, de nada pertencer e de nada a crer.DEUS!!! Gritam os Apedeutas, DEUS!! Gritam os fiéisSe és deus o responsável pela vida, não deveríamos nós mata-lo por vingança? Não deveríamos nós sepultá-lo em sua própria tumba de misericórdia?Por que gritamos a deus por misericórdia e perdão? Não foi este que nos deu todo o mal que imploramos para que nos livrem? Não foi este maldito homem divino que tirou de nós o direito de não nascer, e nos obrigou a viver neste mundo cruel? Como ovelhas prontas ao abate!Sinto-me amaldiçoado… Sinto-me doente…E a cura está em mim mesmo, a cura está na ausência de mim mesmo. Questiono-me: Por que muitos de vocês são felizes? Como podem sorrir diante de tamanha desgraça?Não lembram de como choraram no dia em que chegaram a esta prisão? Como podem rir e rezar? Como podem esquecer que toda a dor, todo o sofrimento e toda a angustia do mundo só és, o que és, porque nasceste para senti-la.Não consigo entender o homem feliz, talvez eu esteja doente…Talvez no momento do parto uma assombração tomou conta do meu espirito! Talvez (…) eu seja apenas um maldito que da vida só sente o pior, enquanto tu, sorri para as cores do arco íris.Já que nasci, e não posso retornar-me ao estado original de minha essência, resta-me o suicídio, a doce solução para esta maldição que me aflige.– Viva, viva pois a vida é bela, e suicidar-se é um ato covardeDisse o homem feliz, sorrindo como um moribundo, pulando como um maldito palhaço bêbado! Como podem os felizes serem donos de tamanha crueldade? Como pode alguém ousar tirar de um homem o direito de acabar com as suas dores?Pergunto-lhes: Negarias tu o remédio da cura a uma enfermidade terrível, a um homem doente? Se não negarias, por que negas a mim o direito da morte?Forçaram-me a vida, obrigaram-me a nascer! E aqui estou, sozinho em uma prisão vendo o mundo sofrer, sentindo a dor no peito de todas as mazelas da existência. E ainda tens a coragem de dizer que não posso matar a mim mesmo?Como ousas ofender-me com a sua felicidade e tirar de mim a minha?Afinal, não dizias Schopenhauer que a única felicidade é a de não nascer? Então deixe-me, deixe-me buscar a felicidade que de mim foi tirada a muito tempo…“
„O Dia em que eu morriHoje fui assombrado por todas as tristezas do mundo, a solidão que era a minha melhor amiga tentou me assassinar, e a melancolia que a muito tempo a aceitei como parte da minha essência, transformou-se em demência e levou-me a loucura.Gritei por ajuda mas ninguém naquele quarto vazio poderia escutar minhas preces, as janelas transformaram-se em grades de prisões e aos poucos fui consumido pela escuridão que me aprisionou em um asilo de sofrimento e demência…Demônios terríveis desciam pelas paredes e as vozes em minha mente lembravam-me que a solução para livrar-se da dor era a mortePor muitos anos eu acreditei que havia superado os monstros e os diabos, e que o meu pacto com a solidão e a melancolia haviam feito de mim um homem livre. Mas a liberdade havia se tornado mais uma ilusão, e o Niilismo que há muito tempo havia me libertado das correntes frias da depressão e dos vícios também havia me traído.Pois naquele momento de caos e desespero, eu não era um Niilista, tão pouco um professor ou um intelectual. Eu não era ninguém! Não existiam diferenças entre mim e os vermes, eu finalmente havia percebido que era hoje…Hoje era o dia em que eu morreria, todos temos que morrer um dia certo? Em algum momento os monstros vão sair debaixo da cama e cobrar o pacto que você fez com o diabo, e ele vai sorrir para você e quando o diabo sorri os homens choramDestranquei a gaveta, e peguei aquela velha pistola que jurei nunca mais ver. Coloquei-a contra a minha boca e atirei…Há momentos em que a solidão irá te trair e a tristeza tentará te assassinar então clamaremos por socorro e ninguém poderá escutar nossas preces pois a única solução será matar as dores que assombram o seu coração para que nos tornemos estrelas mortas que continuam a brilhar no vazio da escuridão.“
„Poema – DepressãoEstive ao seu lado em suasnoites de insôniaE quando você se sentiu sozinhoe clamou aos deusesquem atendeu suas preces fui euCaminhei ao seu ladodurante noites infernaisMas ao contrário da sua sombraeu não te abandonei na escuridãoRoubei a sua almae conquistei a sua féSou o seu novo Deusvocê queira ou nãoFiz ateus dobrarem os joelhose cristãos clamarem pelo diaboDancei na frente de judasquando ele se arrependeupelos seus pecadosTomei o sangue dos seus pulsosquando você o dilacerou pelaúltima vezEu sou o monstro quete impede de viverA voz presa em sua gargantaquerendo fugir desta prisãoA timidez rasgando suas víscerasquando olhos de julgamentote encaram em publicoEu sou a insegurançaque faz você odiar o seu corpoTransformo os seus sonhosem pesadelos terríveisque fariam de mimo seu melhor amigoEu sou a cordaesmagando o seu pescoçoenquanto você se debate em agoniaEu sou os olhares de penaquando colocarem em vocêcamisas de forçaO seu único companheiroquando os remédiosnão fizerem efeitoTe contarei piadas infamesque transformarão suas risadasem gritos de dorE quando tentarem falar de mimpara alguémFarei da sua insegurançaum ninho de incertezasaté que a morte seja sua única amigaVocê irá implorar para queeu te deixe em pazGritará pelas ruas para quetirem a sua vidacomo um ato de misericórdiaFarei com que todos aquelesque te amamse afastem e o deixem no limboE quando na mais negra escuridãovocê se encontrartirarei também as suas esperançasPelas asas podresde Ba‘alo rei das moscas e das pestilênciasDirei o meu nome em segredo…Eu sou aquelediante do espelho!- Gerson De Rodrigues“