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„Se a autodisciplina do livre não puder corresponder à disciplina de ferro do punho enviado“
„Contrariamente ao que supõe uma óptica inocente e folhetinesca, o poder não é tanto uma questão de punhos quanto de nádegas.“
„O espectador, considerado individualmente, é por vezes um homem inteligente; mas os espectadores, considerados em massa, são um rebanho que o génio ou até o simples talento têm de conduzir de chicote em punho.“
„Quem era o idiota que punha a felicidade deste mundo na repartição da riqueza?“
„De tanto me devotar ao meu ofício, escrevendo e reescrevendo, corrigindo e depurando textos, mimando cada palavra que punha no papel, não me sobravam boas palavras para ela.“
„E fiquei olhando para aquela costa, sabendo que o destino iria me trazer de volta, e toquei o punho de Bafo de Serpente, porque a espada também tinha um destino e eu sabia que ela voltaria a este local. Este era um local para minha espada cantar.“
„O encanto da novidade, caindo pouco a pouco com uma peça de roupa, punha a nu a eterna monotonia da paixão, que tem sempre as mesmas formas e a mesma linguagem.“
„Minha mãe era uma pessoa silenciosa, capaz de dissimular-se entre os móveis, de perder-se no desenho do tapete, de não fazer o menor ruído, como se não existisse; contudo, na intimidade do quarto que dividíamos, ela se transformava. Começava a falar do passado ou a narrar suas histórias, e então o aposento se enchia de luz, desapareciam as paredes, dando lugar a incríveis paisagens, palácios abarrotados de objetos nunca vistos, países longínquos inventados por ela ou tirados da biblioteca do patrão; colocava a meus pés todos os tesouros do Oriente, a lua e mais ainda. reduzia-me ao tamanho de uma formiga, para eu sentir o universo a partir da minha pequenez, punha-me asas para vê-lo a partir do firmamento, dava-me uma cauda de peixe para conhecer o fundo do mar.“
„A cachorra Baleia acompanhou-o naquela hora difícil. Repousava junto à trempe, cochilando no calor, à espera de um osso. Provavelmente não o receberia, mas acreditava nos ossos, e o torpor que a embalava era doce. Mexia-se de longe em longe, punha na dona as pupilas negras onde a confiança brilhava. Admitia a existência de um osso graúdo na panela, e ninguém lhe tirava esta certeza, nenhuma inquietação lhe perturbava os desejos moderados. Às vezes recebia pontapés sem motivo. Os pontapés estavam previstos e não dissipavam a imagem do osso.“
„Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste. E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as idéias não vêm, ou vêm muito numerosas e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel.Emoções indefiníveis me agitam inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração.Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, reprodução imperfeita de fatos exteriores, e as dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.- Casimiro!(…) A figura de Casimiro Lopes aparece à janela, os sapos gritam, o vento sacode as árvores, apenas visíveis na treva. Maria das Dores entra e vai abrir o comutador.Detenho-a: não quero luz.O tique-taque do relógio diminui, os grilos começam a cantar. E Madalena surge no lado de lá da mesa. Digo baixinho:- Madalena!A voz dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos. Também já não a vejo com os olhos. Estou encostado à mesa, as mãos cruzadas. Os objetos fundiram-se, e não enxergo sequer a toalha branca.- Madalena…A voz de Madalena continua a acariciar-me. Que diz ela? Pede-me naturalmente que mande algum dinheiro a Mestre Caetano. Isto me irrita, mas a irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa inteiramente calmo. Loucura estar uma pessoa ao mesmo tempo zangada e tranqüila. Mas estou assim. Irritado contra quem? Contra Mestre Caetano. Não obstante ele ter morrido, acho bom que vá trabalhar. Mandrião!A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos cruzadas ou a que estava aqui há cinco anos.(…) Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis, colerizo-me e enterneço-me; bato na mesa e tenho vontade de chorar. Aparentemente estou sossegado: as mãos continuam cruzadas sobre a toalha e os dedos parecem de pedra. Entretanto ameaço Madalena com o punho. Esquisito.Distingo no ramerrão da fazenda as mais insignificantes minudências. Maria das Dores, na cozinha, dá lições ao papagaio. Tubarão rosna acolá no jardim. O gado muge no estábulo. O salão fica longe: para irmos lá temos de atravessar um corredor comprido. Apesar disso a palestra de Seu Ribeiro e Dona Glória é bastante clara. A dificuldade seria reproduzir o que eles dizem. É preciso admitir que estão conversando sem palavras.Padilha assobia no alpendre. Onde andará Padilha? Se eu convencesse Madalena de que ela não tem razão… Se lhe explicasse que é necessário vivermos em paz… Não me entende. Não nos entendemos. O que vai acontecer será muito diferente do que esperamos. Absurdo.Há um grande silêncio. Estamos em julho. O nordeste não sopra e os sapos dormem.(…)Repito que tudo isso continua a azucrinar-me. O que não percebo é o tique-taque do relógio. Que horas são? Não posso ver o mostrador assim às escuras. Quando me sentei aqui, ouviam-se as pancadas do pêndulo, ouviam-se muito bem. Seria conveniente dar corda ao relógio, mas não consigo mexer-me.“
„Até aqui, até à pele que nos reveste, pode chegar a ação do Estado. Sua polícia poderia lançar-me a mão à gola do casaco, encadear-me os punhos, lançar-me ferro aos pés. Mas intoduzir-me nas veias, em nome da higiene pública, as drogas da sua medicina, isso não pode, sem se abalançar ao que os mais antigos despotismos não ousaram. Não o poderia, ainda que elas fossem indubitavelmente inofensivas. A medicina do meu corpo, como a do meu espírito, me pertence.“
„Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. (…) ‘Mas isso é amor, é amor de novo’, revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e os dois leões se tinham amado. (…) Mas era primavera, e, apertando o punho no bolso do casaco, ela mataria aqueles macacos em levitação pela jaula, macacos felizes como ervas, macacos se entrepulando suaves, a macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar. (…) Ela mataria a nudez dos macacos. Um macaco também a olhou, o peito pelado exposto sem orgulho. Mas não era no peito que ela mataria, era entre aqueles olhos. De repente a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente. ‘Oh não, não isso’, pensou. E enquanto fugia, disse: ‘Deus, me ensine somente a odiar’.‘Eu te odeio’, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. ‘Eu te odeio’, disse muito apressada. (…) ‘Eu te amo’, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. ‘Eu te odeio’, disse, implorando amor.“
„Também reafirmo aqui outro compromisso: cuidarei com muito carinho dos mais frágeis e mais necessitados, mas governarei para todos! Uma importante líder indiana disse um dia que não se pode trocar um aperto de mão com os punhos fechados. Pois eu digo: minhas mãos estão abertas e estendidas para todos, desde os nossos aliados de primeira hora até nossos adversários.“
„Poema – Lágrimas de quem nunca chorouOh Noitemusa dos meus devaneioso sonho inquietante de uma criança solitáriaQue o seu manto friosirva como um cobertor aos vermesque se alimentam do meu cadáver;A minha almavagou até o meu passadosentou-se ao meu lado na minha velha infânciaE proclamou palavrasque não deveriam ser ditasa nenhuma criança- Por que nasceste?Oh praga imunda!Me matei aos dez anos de idadee até hoje eu posso ouviros meus gritos de desesperoEu sempre fui uma criança malditaolhavam-me como um monstroque desejavam matarIsolavam-me dos outroscomo uma praga que corróias entranhas dos santosE fazem das freirasninfas perversasAh tanta dor em mimdores que eu nem mesmo sei explicarE estas doresque me fazem sentir e chorarsão parte de quem souforças que me ajudam a lutarRasguei os meus punhosna frente de todos os deusese os afoguei em meu próprio sangueAgora os seus filhosrecitam os meus poemassobre o túmulo dos seus paisSintam em meus versosa minha dor!Deixem que o diaboque vive em seu peitodestrua o que restou das suas vidaTransformando-os nos sonhosde um futuro que nunca aconteceuNas harmonias poéticasdestas metáforashá verdades tão cruéisQue fariam de Pilatos um santoe de Cristo o próprio DiaboSe os meus poemas são gritos de ajudae as suas leituras pedidos de socorroEntão deixem-me morrer em seu nomederramem sobre o meu cadávertodas as suas doresDancem com as bruxassobre o luar da meia noite!Sintam o pecado fluir em seu sanguecomo os vermes que se alimentaramdos despojos podres de CristoDeixem que a minha loucurainfecte a sua almae mate o seu espiritoViajei entre galáxias vivascheias de vidamas somente na morte das estrelaseu encontrei a mim mesmoEu não sou um homem!tampouco um PoetaEu sou a miséria que vive em seu peitoe o suicídio de todas as suas convicções!“
„Eu cortei os meus pulsos e o sangue que jorrava dos meus punhos transformaram-se em lágrimas. As lágrimas afogaram o meu coração e aquele corpo gélido no fundo da banheira já não tinha mais salvação, meus olhos sem vida esbanjavam felicidade enquanto minhas mãos tremulas desesperadamente tentavam salvar-me da escuridão. Meu corpo se debatia em desespero, seria esse o sentimento do arrependimento?Mas já era tarde demais, o barulho do rádio alto impedia que os meus familiares escutassem os gritos de desespero daquela alma que a muito tempo condenou-se a danação eterna.Parece que agora meus movimentos cessaram, mas ainda sinto as lágrimas caindo do meu rosto, o que eu fiz? Diziam as vozes em minha mente… Elas agora estão se calando, parece que é para sempre.“
„Poema – Eclesiastes 12:7Quando eu morrerlancem as minhas cinzas nos rincões do universopara que os átomos que habitaram o meu corpovoltem para as estrelasA verdadeira liberdadeé morrer e transformar-se em nada!Não quero o perdão dos deusestampouco os pecados do infernoQuero transformar a mim mesmono mártir do nadae na representação de tudo que existeA realização de que vou virar póparadoxalmente me tranquilizaEu desejo deixar este mundosem verdades ou convicçõesquero ser enterrado como um homem sem nomepara que os vermes que corroerem meus despojos podresse engasguem com a minha misériaO que eu fui em vidade nada importa aos tolos que me enterraremNão deixarei lembrançaslágrimas ou paixõesJoguem os meus bens materiais aos porcose queimem os meus livros em suas igrejasO suicídio para mim não é o suficiente!Se as suas dores podem ser curadascom uma corda em seu pescoçoou laminas em seus punhossorria como um toloe dancem com os deusespois a sorte está ao seu ladoA origem do meu sofrimentoestá intrínseca na essência da minha almae para me livrar deste tormentodevo sofrê-lo intensamenteaté que os últimos vermes se alimentem das minhas entranhasNo momento do meu nascimentoamaldiçoei a minha própria mãee os deuses esconderam-se em cavernasComo se a misériapossuísse o semblante do diabogargalhadas foram ouvidas no infernoA morte para mimnão é apenas um alivioou um destino inevitávelÉ uma forma de pedir ao mundoperdão por ter nascidoQuando eu morrernão derramem as suas lágrimasfestejem junto aos sátiroscom orgias e palavrõestransformem o meu túmuloem um lugar profano sobre a terrapara que nunca mais pronunciem o meu nome“
„Como diabos gargalhando na cara dos deuses,com o sangue jorrando dos meus punhospintei quadros de amorque ao tocar os corações mais tristesos transformaram em almas capazes de sorrir.“
„A Morte é a brasa que incendeia no coração de todos os homens, a chama que queima no interior das estrelas e que inevitavelmente queimara todo o universo transformando-o em cinzas.Contemplo a morte como a brisa que estremece a luz dos meus olhos que aos poucos se apagam, enquanto os meus lábios trêmulos sorriem diante dos sonhos da vida que se esvaem com o sangue dos meus punhos.E a sensação de que estarei morto em breve me tranquiliza, como as flores sobre os túmulos ou a brasa da morte que incendeia no coração de todos os homens…“
„Poema – Lilith ‘’ A Morte é a brasa que incendeia no coração de todos os homensa chama que queima no interior das estrelas e que inevitavelmente queimara todo o universo transformando-o em cinzasContemplo a morte como a brisa que estremece a luz dos meus olhos que aos poucos se apagamEnquanto os meus lábios trêmulos sorriem diante dos sonhos da vida que se esvaem com o sangue dos meus punhosE a realização de que vou virar póparadoxalmente me tranquilizacomo as flores sobre os túmulos ou a brasa da morte que incendeia no coração de todos os homens…’’Eu sou Deussou o símbolo incarnado do amor e do ódiosou o homem pregado na cruzsou o arcanjo banido dos céussou a alma aprisionada no infernoe o cúpido a cantarolar nas canções de amorSou uma criança maldita aprisionada no mundo dos homensuma alma sem história ou destino Eu sou a Deusa que as religiões adorameu sou o Deus que os ateus ignorameu sou o Diabo pregado na cruzeu sou o homem clamando por JesusPregado na cruz ígnea de mim mesmoeu sou o pecado e eu sou a salvaçãoSou a insônia da dor e o pesar da solidãoA depressão já impregnada e sem curaA dor nas noites de insônia A medicação que me mata aos poucos (…)A Poesia de um Poeta louco que abdicou da sua sanidadea escrever os versos mais terríveis Um dia até mesmo o Diaboo abandonou Então ele esqueceu o seu próprio nomeesqueceu os seus próprios versosaté mesmo porque escrevia coisas tão terríveisSem saber quem ele eraDesignou-se a si mesmo como DeusTrancou-se em um quarto escuropregou os seus próprios pés e mãosE com a mão que utilizou para martirizar-seapontou para os céus e gritou – Oh Pai, por que me abandonastes? Ele morreu sem saber ao menos que ele era Deus, O Diabo e o HomemMas ao mesmo tempo o pó que para o nada retornastes…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – Uma triste história de amorHá Muito temponos confins do universoexistia uma triste história de amorA Morte se apaixonou pela solidãoe deste amor improvávelnasceu uma triste criançaA Solidão não suportava a sua tristezae todas as noitesela era atormentada por sua terrível melancoliaA Morte ao escutar aquela criança chorarseus olhos embargavam-se de sangueO Universo estava em criseos deuses questionavam a sua própria divindadee a presença daquela inocente criançafaziam os diabos choraremComo em um conto de fadasou em uma poesia de amoraquela criança trouxe a aquele mundo fantásticosentimentos de dorMas que culpa tinha a pobre criança?O brilho em seus olhosexpressavam a morte das estrelase as suas asas tão belaseram negras como o próprio universoA Solidão nunca foi capaz de amaro seu próprio filhoE a sua paixão pela morteera como uma sinfonia perfeitaA Morte não roubava a sua Solitudee a solidão não entregava a Mortesentimentos de dorA Sinfonia de um relacionamento perfeitodeu origem a uma criança malditaCom o universo em desequilíbrioa solidão pegou o seu próprio filho em seus braçose para não sacrificar a sua solitudea arremessou no mundo dos homensEssa criança sou eu…A Minha alma foi aprisionada no corpode uma criança humanaeu cresci no lar de uma famíliaque nunca foi capaz de me amarCaminhei sozinho durante noites solitáriase as únicas coisas que me atraiameram as sinfonias das estrelas ao se apagaremEu sou o filho bastardo da solidãoe não há nada neste mundocapaz de preencher o vazio que existe em meu peitoSe não fosse a música,o diabo que vive em mim já teria enlouquecidoEu passo noites de insônia acordadoescutando as mais melancólicas sinfoniasesperando que em uma bela manhãa morte venha me encontrarDeitado submerso em uma banheirarepleta de águaeu vejo o sangue dos meus punhosfundirem-se com a canção das estrelasA Solidão chorava por ter abandonado o seu próprio filhoe aquela pobre criançaque a muito tempo foi arremessada no mundo dos homenssorri pela primeira vezsubmersa em uma banheira de sangue“
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