„Poema – FevereiroHoje eu tomarei todos os meus antidepressivosColocarei fogo na casaE dormirei em meio as chamasNão porque eu deixei de amá-laOu porque desisti da vidaE sim porque não existe em mimUm único resquício de esperança…Flertar com a morteMe ajuda sobreviver dias infernaisMas devo confessar a todos vocêsJá não tenho mais forçasOu psicológico para continuar lutandoAs minhas batalhas foram todas perdidasEste não é um PoemaE sim uma despedidaNão há metáforas ou maldiçõesCapazes de esconder as feridasQue corroem a minha almaTudo que eu fui um diaDesapareceu com o tempoAs pequenas realizaçõesO amor que senti uma única vezOs breves sonhos que nunca vão se realizarHoje tornaram-se memóriasDe um cadáver podreQue deitado em uma cama sozinhoEm posição fetalAguarda o acalanto abraço frio da morteSei que nunca mais serei capaz de amar outra pessoaAté mesmo a insônia me abandonouMe tornei escravo de medicamentosQue me obrigam a dormirAinda não sei como dizer aos meus Pais e AmigosQue eu estou indo emboraSe realmente me compreendessemOu sentissem a minha dorSaberiam que essa é a minha única saídaJá fazem dois dias que eu não consigoParar de chorarE o que eu deveria fazer?Continuar mentindo para mim mesmo?Inventando motivos para mover uma vidaDa qual odeio repulsivamente?Apenas saibam que simEu vivi lindos momentosAmei intensamente um anjoQue fez meus olhos brilharemEspalhei pelo mundoPoesias & MaldiçõesDescritas em livros!Mas hoje…Já não existe nadaQue seja capaz de me manter neste mundoA solidão me assusta…O amor me fez sangrar…E nenhum abraçoÉ capaz de me salvarAlgumas pessoas dizemQue o tempo será capaz de curarAs minhas feridasMas nenhum de vocês percebeuQue não são as feridas que me machucamE sim a ausência de um sorrisoQue um dia me deu motivos para viverQuando eu estiver mortoNão chorem (…)Lembrem-se que este velho PoetaQue tanto flertou com a morteUm dia se apaixonou pela vidaE sorriu ao menos uma única vez…- Gerson De Rodrigues“
„Poema – Tudo que eu preciso fazer agora é dormirAcordei as seis horas da manhãcom um vazio em meu peitoque me faz desejar um câncer em meu cérebroPreciso devolver um livro na bibliotecaando pela rua como um homem doentepassei tanto tempo sozinhoque eu já não sei mais conviver em sociedadeChego até a bibliotecao local está repleto de gentetodos eles me olham com cara de nojoComo se eu fosse algum tipo de monstronão posso culpá-lostalvez eu realmente sejaNa minha menteestão todos mortose o diabo dança sobre os seus cadáveresCaminho em direção a balconistae as minhas pernas começam a falharsem que eu perceba caio em meio a uma pilha de livrosAs pessoas correm ao meu redore me apontam os seus dedos sujosLevanto-me em desespero,e volto correndo para casaTranco-me em meu quartocomo quem procura se esconder das estrelase novamente eu sou um lobo solitárioabandonado em um ninho de ratosAs paredes do meu quartojorram o sangue de um suicídio inevitávelTodos os dias eu me pergunto;O que diabos eu estou fazendo aqui?quando foi que eu me perdi?Rasguei as entranhas da minha própria Mãee a amaldiçoei com a minha vidaEu afastei todos aquelesque se aproximaram de mimComo uma barataque rasteja em meio aos vermessinto-me repugnanteSozinho no mundoum escravo da minha própria insanidadeo Cristo do meu próprio testamentoAs fotos velhas na minha estanteme lembram os dias em que eu fui felizSinto-me culpado por existire a cada segundo eu me odeio cada vez maisVolto para o meu quarto,tudo que eu preciso fazer agora é dormir;Acordei as seis horas da manhãcom um vazio em meu peitoque me faz desejar um câncer em meu cérebroVou até o espelho e me pergunto;por quantos anos eu ainda irei suportaressa rotina de sofrimento?Uma lágrima sincera escorre pelo meu rostovolto até o meu quartodecidido a acabar com tudosátiros dançam ao redor da minha camaPego as minhas roupas e tampo todas assaídas de ar da minha casavou até a cozinha e ligo o gásTudo que eu preciso fazer agoraé dormir…“
„Raciocinai assim com a vida: Se te perco, perco uma coisa que somente os loucos querem conservar. Não passas de um sopro, exposto a todas as influências do ar e que, hora após hora, deterioram esta habitação em que moras. És meramente o joquete da morte, pois procuras sempre evitá-la pela fuga e, apesar disto, corres sempre em direção a ela. Não és nobre, porque todas as voluptuosidades, que são teu patrimônio, são acalentadas pelas baixezas. Estás longe de ser valente, pois temes o aguilhão terno e brando de um verme. O que tens de melhor em ti é o sono e que tantas vezes provocas; entretanto, temes grosseiramente a morte que não passa de um sono. Tu não és tu mesmo, pois tua existência é o resultado de milhares de grãos que saem do pó. Não és feliz, porque o que tu não tens, tu te esforças para adquirir e o que possuis, tu esqueces. Não és constante, pois tua natureza, segundo as fases da Lua, sofre estranhas alterações. Se és rico, és pobre; pois, semelhante a um asno cujo lombo está vergado ao peso de lingotes, só carregas as tuas riquezas um único dia e a morte te livra delas. Não tens amigos, pois o fruto de tuas próprias entranhas que te chama de ”pai”, o mais puro de teu sangue saído de teus próprios rins, maldiz a gota, a lepra e o catarro, que não te acabam bem depressa. Não tens juventude nem velhice, e, por assim dizer, não passas de um sesta depois do jantar que sonha um pouco com as duas idades; pois toda tua feliz juventude é passada fazendo-se velha e solicitando esmolas da paralítica velhice. Quando, no fim, fores velho e rico, já não terás calor, sentimento, força, nem beleza, para tornares agradáveis tuas riquezas. Que te sobra ainda nisto que traz o nome de Vida? O outras mil formas de morte ainda estão ocultas nesta vida e, contudo tememos a morte que nivela todas estas misérias.“