„Poema – O Mártir dos desajustadosVocê já sentiucomo se houvesse um buraco em seu peitoacompanhado de uma dor que te sufocae cega os seus olhosimpedindo-o de ver a felicidadeUma tristeza tão profundacapaz de partir a sua alma ao meioe corroer os despojos podres da carneComo se cada átomo do seu corposofresse tão profundamentetodas as dores do mundoE ainda que as suas conquistas pessoais se realizasseme os deuses o perdoassem pelo seus pecadoso martírio que corrói as entranhas do seu sero impedem de sorrirao menos uma vez…Não se preocupemestas dores que sentemesse vazio em seu peito que não consegues explicarÉ a doença rogada pelos deusessobre a carcaça podre dos homens malditosAbracem a sua dorsintam-na nas suas entranhasdeixem as suas feridas sangrareme afogarem o mundo em sua misériaNão há nada de erradoem flertar com a morte em momentos de dorNão há nada de erradoem sentir-se excluído em um mundodo qual não pertencesNão existe nada de errado em ser diferente,essa voz gritando na sua cabeça,essa raiva pulsando em seu coração,e aquela maldita vontade de mudar o mundoé exatamente isso que te torna único!Em um mundo de ovelhas,orgulhe-se de ser um bode!Nós não somos monstrosporque sentimos na solidão o abrigo para a nossa loucuraCaminhei solitário por ruas lotadas,de pessoas vazias e mentes fechadase a alegria de não pertencer ao paraíso dos homenssufocavam-me em uma doentia felicidadeAfastem de mim o perdão dos deusese a mentira dos homensEu sou o Deus dos fracosdos desajustadose excluídosO mártir de todas as dorese corações partidosHá em mim a loucura de mil diabose a santidade de todos os deusesTudo o que eu ameiamei recluso em um ninho de ratosaonde nada era sagradoe nada era perfeitomas ainda assim,amei a mim mesmoe todos os meus defeitosFlertamos com a mortepara matar as nossas doresNos suicidamos todos os diaspara que o diaque sucede o de amanhãtorne-se possível de se viverQue a maldição do meu nascimentoe a miséria do meu serse alastre por cada canto deste mundoColoquem-me sobre o altar de suas catedraise chamem-me de cristopois eu sou a luz do mundoe a escuridão que o consome!“